‘Alaqa (Coágulo?!?!) e outras fases embriológicas no Alcorão
Dr. William F. Campbell
Tradução de Wesley Nazeazeno
Tem sido dito que a idéia do desenvolvimento embriológico através de fases é um conceito moderno; conceito, este, que o Alcorão já antecipava (i.e. profetizava) a respeito da embriologia moderna descrevendo diferentes fases no desenvolvimento do embrião. Em um panfleto intitulado de Destaques da Embriologia Humana no Alcorão e na Hadith (Highlights of Human Embryology in the Koran and the Hadith) de Keith L. Moore, M.D. [1], Dr. Moore afirma que fora do Alcorão, “a compreensão de que o embrião se desenvolve em estágios no útero não foi discutida ou ilustrada antes do século XV d.C.”[2] Em adição, a afirmação ainda diz que os estágios descritos no Alcorão concordam com nosso conhecimento moderno.
Vamos examinar cuidadosamente estas alegações considerando o significado das palavras Árabes usadas no Alcorão e também examinando a circunstância histórica relativa ao Alcorão.
Deixe-nos começar olhando para os principais versos que usam a palavra ‘alaqa.
‘ALAQA
A palavra Árabe ‘alaqa no singular ou ‘alaq no plural coletivo é usada para indicar uma fase do desenvolvimento dos fetos por seis vezes em cinco diferentes versos do Alcorão.
Na Surata da Ressurreição (Al-Qiyama) 75:36-38, lemos:
“Não era uma gota de esperma ejaculada, e, depois, sangue coagulado? (‘alaqa) Deus o criou e formou, e fez dele um casal de macho e fêmea.”
Na Surata do Perdoador (Gháfer) 40:67, se diz:
“Foi Ele quem vos criou, primeiro de barro, depois de uma gota de esperma, depois de um coágulo de sangue (‘alaqa); depois fez-vos sair um bebê;”
Na Surata da Peregrinação (Al-Hajj) 22:5, se diz,
“Homens, se tiverdes dúvidas sobre a Ressurreição, lembrai-vos de que Nós vos criamos primeiro de barro, depois de uma gota de esperma, depois de sangue coagulado (‘alaqa) depois de um pedaço de carne deforme, para vos mostrar o Nosso poder. E depositamos nos úteros o que decidimos depositar por um prazo predeterminado."
E finalmente, o tratamento mais completo está na Surata dos Crentes (Al-Mu'minun) 23:12-14, que diz:
Criamos o homem de barro escolhido; depois, consignamo-lo, gota de esperma, num repositório seguro – Deus sabe o que faz – depois transformamos a esperma em coágulo (‘alaqa) e o coágulo (‘alaqa) óvulo, e o óvulo em osso, e revestimos o osso com carne. E era mais uma criatura. Louvado seja Deus, o melhor dos criadores.
FASES DO DESENVOLVIMENTO PRÉ-NATAL SEGUNDO O ALCORÃO
FASE 1. nutfa — esperma FASE 2. ‘alaqa — coágulo FASE 3. mudaga — pedaço ou massa informe de carne FASE 4. ‘adaam — ossos FASE 5 — ossos revestidos com músculos
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Ao longo de mais de 100 anos atrás a palavra ‘alaqa tem sido traduzida como se segue:
- Francês, un grumeau de sang, (um pequeno amontoado de sangue) – Kasimirski, 1948 (última edição durante a vida do autor foi em 1887) [3]
- A leech-life clot, algo que se agarra – Yusuf Ali, (tradução de 1938) 1946 [4]
- A clot, um coágulo – Pickthall, (tradução de 1940) 1977 [5]
- A clot, um coágulo – Maulana Muhammad Ali, 1951 [6]
- A clot, um coágulo – Muhammad Zafrulla Khan, 1971 [7]
- Francês, de caillot de sang, um coágulo de sangue – Hamidullah, 1981 [8]
- Francês, um caillot de sang, um coágulo de sangue – Masson, 1967
- A clot of blood, um coágulo de sangue – N.J. Dawood, 1980 [9] Aprovado pelo Supremo Concílio Xiita e Sunita da República do Líbano.
- Indonésio, segumpal darah (massa informe de ou coágulo de sangue) – Departamento de Negócios Religiosos Indonésios, 1984
- Farsi, khoon basteh, um coágulo de sangue – Mehdi Elahi Ghomsheshi
- Chinês, xue kuai (coágulo de sangue)
- Malai, darah beku, (coágulo de sangue).
Como cada leitor que já tenha estudado sobre a reprodução humana pode constatar, não há nenhum estágio semelhante a um coágulo durante a formação do feto, então isto é problema científico muito grande.
No dicionários de Wehr e Abdel-Nour, os únicos significados dados para ‘alaqa em sua forma feminina-singular são “coágulo” e “sanguessuga” (ou parasita, algo que suga), e no norte Africano, estes significados continuam sendo utilizados. Muitos pacientes têm vindo até mim para remover parasitas de suas gargantas e muitas mulheres, crendo que o feto passa por uma fase como um coágulo, vêm até mim pedindo por algum medicamento porque suas regras menstruais não vieram. Quando respondo que não poderia fazer isso porque creio que o feto é uma pessoa, elas dizem “mas ainda (o tal feto) só é sangue”.
Por último, devemos considerar os primeiros versos que vieram a Mohamed em Meca. Eles são encontrados no Surata 96, chamada de ‘Alaqa (Coágulos?), exatamente a palavra que estamos estudando. Em 96:1-2, lemos,
“Lê, em nome do teu Senhor Que criou;
Criou o homem de ‘alaqa.”
Aqui a palavra está no coletivo plural. Esta forma da palavra pode ter outros sentidos porque ‘alaqa também é um substantivo verbal derivado do verbo ‘aliqa que significa “pendurar, ser suspenso, dependurar, grudar, agarrar, aderir e se fixar”. O substantivo verbal geralmente equivale ao gerúndio ou infinitivo no Português, como na frase “nadar é divertido”. Portanto podemos esperar que isto signifique estar pendurado, se suspendendo, dependurando, grudando, aderindo, etc. Ainda, o substantivo verbal pode ter outros significados estabelecidos por sua aplicação.
Porém, os doze tradutores listados acima têm todos considerado isto como o coletivo plural de ‘alaqa e não como um substantivo verbal, e usaram “coágulo” ou “sangue coagulado” também neste verso e Fazlur Rahman também usa “sangue coagulado” neste verso em seu bem-conhecido livro Islam, publicado pela primeira vez em 1966. [10]
Maulana Muhammad Ali explica o por quê em Nota 2770 neste verso. Ele diz,
“’Alaqa significa um coágulo de sangue, bem como algo anexado e amor. O significado padrão é aquele geralmente adotado, por causa da menção de ‘alaqa no processo de criação do homem em outros locais no Sagrado Alcorão, e isto indica a insignificância da origem do homem” [11]
Em outras palavras, o significado da forma singular está controlando o plural, e penso que há exatamente uma grande atração em entender e usar uma palavra diferente que venha a driblar a dificuldade científica.
Por mágoa pela quantidade e qualificações de tradutores que usam a palavra “coágulo” para traduzir ‘alaqa, o Francês Dr. Maurice Bucaille tem preparado outras palavras para eles. Ele escreve,
“O que provavelmente mais tem enganado o leitor é, mais uma vez, o problema do vocabulário...
A maioria dos tradutores descreve, por exemplo, a formação do homem a partir de um “coágulo de sangue” ou de uma “adesão”. Uma afirmação desta espécie é totalmente inaceitável para cientistas especialistas neste campo... Isto demonstra o tamanho da importância de uma associação entre lingüística e conhecimento científico quando isto vem tratando de afirmações do Alcorão sobre a reprodução.”[12]
Em outras palavras, “Ninguém tem traduzido o Alcorão corretamente até a chegado do Dr. Bucaille”.
Como, então, o Dr. Bucaille pensa que isto deveria ser traduzido? Ele propõe que ao invés de “coágulo”, a palavra ‘alaqa deveria ser traduzida como “algo que se agarra” porque poderia se referir ao feto sendo fixado ao útero através da placenta. [13]
Usaremos a boa tradução do Doutor para ‘alaqa e a experimentaremos.
“Então, convertemos a gota de esperma em algo que se agarra, transformamos esse algo que se agarra em feto e convertemos o feto em ossos; depois, revestimos os ossos de carne”
Agora, já que nós estamos no século XXI, onde é que está o óvulo? “O algo que se agarra” não é formado de uma gota de esperma. É formado pela fusão do núcleo do esperma com o núcleo do óvulo. Naturalmente que deixar algo de fora não é exatamente um erro, mas veremos depois que para Mohamed e os Muçulmanos ouvindo-o, o coágulo (‘alaqa) foi a contribuição feminina.
Ainda, “o algo que se agarra” não deixa de se agarrar até que venha a ser “revestido de carne”. Isto continua sendo “algo que se agarra” — o qual é preso pela placenta — por volta de até 8 meses e meio antes do nascimento.
Ao longo dos cientistas, penso eu, há um desacordo sobre esta tradução da palavra. O Dr. Bechir Torki toma para si o problema e traduz a Surata 96 como,
“Leia em nome de nosso Senhor que tem criado, como ele criou o homem a de ligações (fixações). Leia, porque nosso Senhor é muito generoso. Este é Ele que tem ensinado com sua caneta” [14]
A palavra Francesa traduzida por “ligações” também pode significar laço, vínculo ou fixações. Esses significados soam muito parecidos àquele dado pelo Dr. Bucaille, mas Torki atualmente propõe um sentido totalmente diferente. Ele escreve,
“Ele (Deus) ‘criou o homem de ligações (ou laços)’... (no) qual está fixado ou suspensos todos os genes e células... A primeira palavra ‘leia’ (na Surata) é concernente à informação que está contida na primeira célula da qual a estrutura do homem é feita. A segunda palavra ‘leia’ é concernente ao grande Alcorão o qual Deus tem ensinado ao homem através de sua caneta.”[15]
Esta é uma idéia muito ingênua, embora eu pessoalmente veja como muito difícil de se acreditar que as primeiras palavras de Deus a Mohamed sejam “Leia o código genético”. O que o povo de Meca iria entender? Adicionalmente, o que o Dr. Torki fará com os outros versos onde a forma singular ‘alaqa é usada? O que isto significará com nossa educação moderna ao se dizer que “de uma gota de esperma nós criamos “um código genético” e de “um código genético” nós criamos uma pequena massa informe de carne”? O código genético está no esperma e não o código genético que é criado dele.
Poucos tradutores têm usado outras palavras para traduzir ‘alaqa. Em sua tradução de 1957, Regis Blachère tem para a Surata 23:14,
“Nós temos feito da ejaculação uma adesão. Nós temos feito da adesão uma massa mole. Nós temos feito da massa mole um esqueleto, e temos vestido o esqueleto com carne.”[16]
(mas isto pode ser notado que na Surata 75:38 ele tem “uma gota solidificada”)
e Muhammad Asad em sua tradução de 1964, publicada em 1980, propõe,
“e então Nós criamos da gota de esperma uma célula primitiva e então Criamos da célula primitiva uma massa embrionária e então criamos na massa embrionária ossos e revestimos os ossos com carne.”[17]
Muhammad Asad tem uma nota em 96:2 sugerindo que a célula primitiva ‘alaqa é o óvulo fertilizado.
Entretanto, penso que está claro para o leitor que:
(a) O esperma não se torna uma adesão ou um óvulo fertilizado sem um óvulo feminino.
(b) Dizer que ‘alaqa significa “célula primitiva” significa que um óvulo fertilizado é uma hipótese fundamental.
(c) Se isto é uma adesão, ela continua presa durante todo o processo de gravidez e não se torna outra coisa.
(d) Traduzir “mudagha” (massa informe de carne) com o adjetivo moderno “embrião” adicionado à massa informe, e dizer que os ossos são criados “na” massa embrionária ao invés de “da” massa embrionária são ambas hipóteses fundamentais.
Por fim, nesta sessão, devemos considerar a sugestão do Dr. Keith Moore sobre o significado de ‘alaqa. O Dr. Moore, professor aposentado de anatomia e autor de um livro-texto sobre embriologia, propõe: “Um outro verso no Alcorão refere-se ao se parecer com algo que se agarra e às fases semelhantes às fases do desenvolvimento humano parecidos com um bocado de carne.”[18] Desta definição, Dr. Moore tem seguido adiante para propor que um embrião de 23 dias e 3mm de comprimento, assemelha-se a um sangramento. Este é o estágio Carnegie 10 da capa interna da frente do próprio livro do Dr. Moore e que está exibido aqui, no Diagrama 9.[19]
DIAGRAMA 9, DAS FASES 7 ATÉ 17
A Figura 5-9 exibe um raio-x de um alargamento de 22 e 23 dias. Este raio-x das costas de 22 dias mostra que o “fio” neural da espinha amplamente aberto. [20]
Diagrama 10 [21] do dia 23m similar à visão de raio-x, mostra os poros neurológicos da cabeça e cauda ainda muito abertos e os cortes do saco embrionário.
A Figura 4-10[22] exibe o embrião com um amplo saco embrionário e um cordão umbilical conectando. Um sangramento (ou ‘algo que se agarra’) não tem qualquer uma dessas características.
Para concluir, podemos dizer que este embrião de 23 dias, 3 milímetros e com seus poros neurológicos da cabeça e caldas muito abertos, com um saco embriológico e um talo de cordão umbilical, não se parece em nada com um sangramento. Ademais, nenhum dicionário dá “semelhante a algo que se agarra” como significado para ‘alaqa e nenhum tem sugerido que o Alcorão diz que o homem foi feito de uma gota de esperma que se tornou um as sangramento agarrado. O Dr. Moore não sabe Árabe e me disse sinceramente numa conversa pessoal que se o verdadeiro sentido de ‘alaqa é “coágulo”, então não há tal fase no desenvolvimento do embrião.
‘ADAAM — OSSOS ANTES DOS MÚSCULOS
Em terceiro lugar, os versos do Alcorão dizem que a “a massa informe de carne” adquire ossos e os ossos são cobertos com músculos. A mesma idéia é repetida na Surata da Vaca (Al-Baqara) 2:259, que diz,
“...Observa como dispomos os seus ossos e em seguida os revestimos de carne...”
Este verso dá a impressão que primeiro o esqueleto é formado e, então, é vestido com carne. O Dr. Bucaille sabe perfeitamente bem que isto não é verdade.
Os músculos e a cartilagem precursora dos ossos começam a se ao mesmo tempo. Ao fim da oitava semana só há poucos centros de ossificação iniciados, mas o feto já é capaz de alguns movimentos musculares.
Em uma carta pessoal datada de 01/08/1987 do Dr. T.W. Sadler, Ph.D., Professor Associado no Departamento de Anatomia na Universidade de Carolina do Norte, Chapel Hill, N.C. 27514, e autor de Langman’s Medical Embryology, o Dr. Sadler declara,
“Na oitava semana após a fertilização, as costelas estariam cartilaginosas e os músculos estariam presentes. Também, ainda neste momento, a ossificação poderia começar próximo do canto das costelas e pode se ampliar ao longo do tronco até que atinja a cartilagem das costelas lá pelo quarto mês. Músculos podem ser capazes de algum movimento na oitava semana, mas por volta da décima a décima - segunda semana esta capacidade poderia estar bem melhor desenvolvida.”
É sempre melhor ter duas testemunhas, então veremos o que o Dr. Keith L. Moore tem a dizer sobre o desenvolvimento dos ossos e músculos em seu livro The Developing Human. Nos Capítulos 15-17, encontramos a seguinte informação:
O sistema esquelético e muscular se desenvolve do mesoderma, do qual algumas se tornam células mesencimais (mesenchymal). Estas células ‘mesenciais’ geram os músculos e também têm a capacidade de se distinguir... se tornando osteoblastos, os quais criam ossos. No início os ossos são formados de modelos cartilaginosos, e ao fim da sexta semana toda a extensão esquelética é formada a partir da cartilagem, mas sem qualquer cálcio ósseo, como está exibido na Figura 15-13. [23]
Enquanto os modelos de ossos estão se formando, ‘mioblastos’ (myoblasts) desenvolvem uma grande massa muscular em cada começo de membro, separando em componentes extensores e flexores. Em outras palavras, a musculatura dos membros se desenvolve simultaneamente circundando o desenvolvimento dos ossos. Então o Dr. Moore concorda completamente com o Dr. Sadler.
Além disso, durante uma conversa em particular com o Dr. Moore, mostrei-lhe a posição do Dr. Sadler e ele concordou que ela era absolutamente válida.
Conclusão: sobre o desenvolvimento dos ossos o Dr. Sadler e o Dr. Moore concordam. Não há tempo algo quando os ossos calcificados estão sendo formados e então os músculos são postos ao longo deles. Os músculos estão ali muitas semanas antes dos ossos calcificados, diferentemente da alegação de que músculos são adicionados ao longo dos ossos previamente formados como o Alcorão afirma. O Alcorão está completamente errado aqui.
O PROBLEMA
O grande problema com estas novas definições para palavras como ‘alaqa e mudagha é que nenhum exemplo que confirme tais usos têm sido providos da pela língua Árabe ao longo dos séculos.
O Dr. Bucaille deseja dizer que todos os velhos tradutores estão errados; que para traduzir o Alcorão corretamente é necessário se ter uma boa educação científica. Mas, quão boa? Estes tradutores deveriam ter todos uma boa formação universitária em biologia para falar sobre esperma e óvulos.
Por acaso o Dr. Bucaille não entende? Estes tradutores são cientistas em seu campo, que é o de palavras, e eles não têm encontrado nenhum fato lingüístico válido que os permita mudar o significado destas palavras nestes versos. Eles têm sido tradutores muito honestos, e não ignorantes da ciência.
Bucaille diz que as traduções deles são “duramente compreensíveis”. Sinto muito, mas devo descordar. As traduções deles são muito compreensíveis e corretas. Eles apenas refletem os problemas científicos que estão presentes no Árabe original.
O único meio para se estabelecer o sentido de uma palavra é através de seu uso, seu emprego. O único meio de se estabelecer que a forma singular de ‘alaqa pode significar um embrião de 3mm ou “uma coisa que se agarra” é trazer frases que demonstrem seu uso na literatura Árabe de Meca e Medina, do tempo próximo a Mohamed, especialmente da língua dos Quraish, porque o Alcorão foi escrito em “Árabe Claro” (‘arabiiyun mubinun), o Árabe Coloquial da tribo dos Curaixitas. [24]
Esta não será uma tarefa fácil porque já se tem feito muito esforço neste “árabe claro” dos Quraish, e só se tem apresentado “coágulo” e “algo que suga” como significados válidos para ‘alaqa. Os Muçulmanos antigos entenderam intuitivamente a necessidade de se conhecer exatamente o que as palavras do Alcorão significam, e por esta razão realizaram estudos compreensivos de sua linguagem e poesia.
O grande historiador Ibn Khaldun pôde dizer,
“Por esta razão, sabe que o Alcorão derivou-se da língua dos Árabes e em acordo com seu estilo e eloqüência, e todos eles entenderam-no e conheceram seus vários significados em suas diversas partes e em sua relação com cada outra.”[25]
Esta afirmação de que “todos” os Árabes entenderam o Corão é sem dúvidas um exagero entusiasmado que ninguém deveria fazer, mas certamente que está muito mais perto da verdade do que as afirmações do Dr. Bucaille de que ninguém havia entendido o Alcorão até agora.
Hanza Boubakeur, antigo reitor da principal mesquita em Paris, trouxe à tona este assunto no “Colloque sur le Dieu unique”, detido em Montpellier em 6 de Maio de 1985. Ele respondeu à pergunta retórica para o auditório,
“A compreensão do texto (do Alcorão) conhecida nos tempos de Mohamed tem permanecido estável?”
e sua resposta foi,
“Poesias antigas testificam a estabilidade semântica.”
Somente podemos concluir que se os versos que trazem conforto espiritual e esperança para os Muçulmanos têm permanecido inalteráveis, então as declarações científicas inseridas nestes versos também devem ser aceitas como estáveis a menos que novas evidências possam ser apresentadas no futuro.
Isto é especialmente importante desde que alguns versos dizem que esta informação é um sinal. A Surata do Perdoador 40:67 diz,
“Foi Ele quem vos criou, primeiro de barro, depois de uma gota de esperma, depois de um coágulo de sangue (‘alaqa)... possais compreender (isto)”.
E na Surata da Peregrinação (Al-Hajj) 22:5 lemos,
“Homens, se tiverdes dúvidas sobre a Ressurreição, lembrai-vos de que Nós vos criamos primeiro de barro, etc..., etc...”
Por esta razão, a pergunta deve ser feita, se isto foi uma sinal claro aos homens e mulheres de Mecca e Medina, o que eles entenderam da palavra ‘alaqa a qual deveria direciona-los à fé na ressurreição?
A RESPOSTA
Vamos examinar a situação histórica nos direcionando ao tempo de Mohamed para vermos em que Mohamed e seu povo creram sobre embriologia. A viagem começará com os da medicina, Gregos e Indianos.
HIPOCRATES
Começaremos com Hipocrates. De acordo com a melhor evidência, eles nasceu na ilha da Grega de Cós em 460 a.C. Suas fases estão como seguem com a referência no texto.
Sêmen
O esperma é um produto o que vem do corpo todo de cada pai, espermas fracos vêem de partes fracas e espermas fortes vêem de partes fortes. Seção 8, p. 321.
Coagulação do sangue da mãe
A semente (embrião), então, está contida numa membrana... Alem disso, cresce por causa do sangue da mãe, que é proveniente do útero. Quando a mulher concebe, ela cessa de menstruar... Seção 14, p. 326
Carne
Neste estágio, com a descida e coagulação do sangue da mãe, a carne começa a ser formata, com o cordão umbilical. Seção 14, p. 326.
Ossos
Com o crescimento da carne, são formados membros distintos... os ossos crescem firmes... além disso eles formam ramificações como uma árvore... Seção 17, p. 328
Esta informação está claramente sumarizada no seguinte painel.
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ARISTÓTELES
Em seguida, vamos dar uma olhada em Aristóteles. Em seu livro Na Geração dos Animais (tradução livre), [26] nalgum momento por volta de 350 a.C., Aristóteles deu seus estágios da embriologia. (O número das seções estão no texto)
Sêmen e o sangue menstrual
Nesta seção, 728a, Aristóteles fala do sêmen do macho como sendo de um estado puro... O que ele diz é que o sêmen coagula o sangue menstrual.
Ele diz, “a natureza forma do material mais puro da carne... e do resíduos gera ossos, nervos, cabelo e também unhas... e por último, em volta dos ossos, e agarrado a eles por bandagens de fibras bem finas, crescem as partes de carne...”654b.
Claramente o Alcorão segue a isto exatamente, o esperma coagulando o sangue menstrual que forma carne. Então os ossos são formados e por ultimo “em volta dos ossos... crescem as partes de carne” exatamente como vemos no quadro que segue.
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EM SEGUIDA, PODEMOS CONSIDERAR A MEDICINA INDIANA
A opinião de Charaka (123 d.C.) e Susrata é que tanto o macho quanto a fêmea contribuem com sementes. A “secreção” do macho é chamada de sukra (sêmen)...
A “secreção” da mulher é chamada de artava ou sonita (sangue) e é originada da comida através do caminho do sangue...”[27]
Aqui vemos que na medicina da Índia eles também têm a idéia de que a criança foi formada da semente do macho e do sangue menstruado da fêmea.
AGORA PODEMOS CONFERIR GALENO
Galeno nasceu em 131 d.C. em Pergamum (a moderna Bergama, na Turquia).
Nosso conhecimento de seu livro, De Semine, depende de dois manuscritos gregos do séculos XV e XVI e de duas cópias Árabes do século XII e XIII de uma mesma tradução feita aproximadamente em 840 d.C., i.e., 700 anos após Galeno ter vivido. A obra de Galeno foi considerada tão importante que cópias continuaram sendo feitas no ano 1500. Apesar de as cópias Árabes refletirem uma tradução feita 700 anos após a vida de Galeno, ninguém duvida de sua exatidão essencial.
Menciono isto porque em comparação conosco Cristãos, temos 75% do Evangelho do Novo Testamento Grego em cópias em papiros de cerca de 150 anos após Cristo ser elevado ao Céu, e temos duas cópias gregas completas do ano 350. Por esta razão, não há razão para duvidas da exatidão da essência do Evangelho do Novo Testamento, também. Ele não foi alterado.
Galeno – Sobre o Sêmen
Galeno disse que “A substância da qual o feto é formado não é apenas do sangue menstrual, como Aristóteles mencionou, mas de sangue menstrual acrescido de dois semens.” p. 50.
O Alcorão concorda com Galeno aqui quando diz na Surata 76:2, “criamos o homem de uma gota de sêmen ejaculado”.
Desenvolvimento embriológico
No que diz respeito ao desenvolvimento embriológico, Galeno também ensinou que o embrião se desenvolve em fases.
Ele escreveu, “o primeiro é o no qual... a forma do sêmen prevalece. Nesta ocasião Hipócrates também, o todo maravilhoso,... continua chamando isto de sêmen (genitura).”
A fase seguinte é “quando ele (o feto) está sendo todo coberto por sangue, e o coração, cérebro e fígado estão (continuam) inarticulados e sem forma... este é o período... de que Hipócrates (chamou de) foetus.”
(A Surata do Alcorão 22:5 reflete exatamente isto quando diz, “... de um pedaço de carne deforme...”)
“E agora o terceiro período de gestação começou.... Assim causou (natureza) carne para crescer por todos os ossos.”
Vemos acima que o Alcorão concorda com isto na Surata 23:14 onde se diz, “e revestimos os ossos com carne.”
“O quarto e último período atinge esta fase quando todas as partes dos membros já estiverem diferenciados.”[28]
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Então vemos que Galeno também trabalhou com estágios. Ele os dividiu diferentemente, mas a seqüência é a mesma.
OS XVI LIVROS DE GALENO COMO A BASE DOS ESTUDOS MÉDICOS
Galeno foi tão importante para a medicina que exatamente no tempo da Hejira, quatro proeminentes médicos em Alexandria, Egito, decidiram formar uma escola de medicina usando 16 livros de Galeno como base para seus estudos. Isto perdurou até o século XIII. [29]
A ARÁBIA POR VOLTA DO ANO 600, ENTRE GALENO E AVICENNA
Agora devemos questionarmos sobre qual foi o clima político, econômico e médico na Arábia nos tempos do Mahamed.
Do Hadramaut no Yemen, as caravanas de comércio de especiarias passaram ao norte através de Mecca e Medina e então alcançaram toda a Europa.
No norte Árabe, em cerca de 500 d.C., os Ghassanides dominaram e por volta de 528 dos Ghassan controlaram o deserto Sírio até os limites de Yathrib (Medina). Síriaco (uma forma de Aramaico, relacionado ao Árabe) foi seu idioma oficial.
Tão cedo quanto 463 d.C., os Judeus traduziram a Torá e o Antigo Testamento do língua Hebraica para o Siríaco. (O Museu Britânico tem uma cópia) Este feito esteve disponível para o Ghassam, que foram Cristãos e para as tribos de Judeus da Arábia, porque seus membros não sabiam o Hebraico.
Durante este tempo, Sergius al-ras Ayni (morto em Constantinopla em 536), um do mais antigos e maiores tradutores do Grego para o Siríaco (Aramaico), traduziu várias obras da medicina, incluindo os 26 livros das obras de Galeno para o Siríaco. Isto os fez acessíveis para os Reino do Khosru I e para as tribos Ghassam, os quais influenciaram até as fronteiras de Medina.
Khosru I, (em Árabe, Kisra) Rei da Pérsia entre 531-579, foi conhecido como Khosru o Grande. Seus soldados conquistaram áreas tão distantes para além do Iêmen. Ele também amou o aprendizado e fundou diversas escolas.
“A escola de Jundi-Shapur veio a ser, durante o longo reinado de 48 anos de Khosru I, o maior centro intelectual daquela época. Dentro daquelas paredes estavam Gregos, Judeus, Nestorianos, Persas e Hindus, pensamentos e experiência eram livremente trocados entre eles.
O ensino foi feito grandemente em Siríaco a partir de traduções Siríacas dos textos gregos.”[30] Isto significa que Aristóteles, Hipócrates e Galeno estiveram facilmente disponíveis quando a escola em Jundi-Shapur esteve operante durante seu reinado.
O próximo passo foi que as conquistas Árabes compeliram os Nestorianos a traduzir seus textos Siríacos da Medicina Grega para o Árabe. A tradução do Siríaco para o Árabe foi fácil, já que os dois idiomas tinham a mesma gramática.
A respeito da situação médica local durante a vida de Mohamed, sabemos que houveram médicos vivendo na Arábia durante este período.
Harith ben Kalada foi o médico melhor-treinado na arte da cura. “Ele nasceu por volta da metade do século VI, em Ta’if, na tribo de Banu Thaqif. Ele viajou pelo Iêmen e então pela Pérsia, onde recebeu sua educação das ciências médicas na grande escola de medicina de Jundi-Shapur e deste modo foi intimamente familiarizado com os ensinos médicos de Aristóteles, Hipócrates e Galeno.
“Tendo terminado seus estudos, ele praticou como médico na Pérsia, durante este tempo ele foi chamado para a corte do Rei Khosru, com quem ele teve uma longa conversa. Ele voltou para a Arábia por volta do início do Islã e decidiu morar em Ta’if. Enquanto naquele lugar Abu’l-Khayr, um Rei do Iêmen, veio vê-lo, em conexão com uma certa enfermidade da qual ele estava sofrendo e, ao ser curado, gratificou-lhe com muito dinheiro e com uma escrava jovem.
“Ainda que Harith ben Kalada não escreveu nenhum livro de medicina, suas visões a respeito de diversos problemas médicos estão preservados em sua conversa com Khosru. Sobre o olho, ele diz que ele é constituído de gordura que é a parte branca, de água que é a parte preta e do vento que constitui a visão.”Tudo isto... segue para mostrar a familiaridade de Harith com os doutores Gregos. [31] Ele morreu no reinado de ‘Umar, o Segundo Califa.
Sumarizando a situação em poucas palavras em seu livro Histoire de la Médecine Arabe,Dr. Lucien LeClerc escreve,
“Harith ben Kalada estudou medicina em Jandi-Shapur e Mohamed deve a Harith uma parte de seu conhecimento médico. Deste modo, com um tão bom quanto o outro, nós facilmente reconhecemos os traços dos Gregos (da medicina).”[32]
“Algumas vezes Mohamed tratou de enfermidades, mas em casos mais difíceis ele pode ter enviado pacientes para Harith.”[33]
Outra pessoa instruída próxima a Mohamed foi Nadr ben Harith – não relacionado ao doutor. Ele foi um Curaixita e primo de Mohamed e também visitou a corte de Khosru. Ele teria aprendido Persa e música, a qual ele apresentou aos Curaixitas em Mecca.
Porém, ele não foi simpatizante de Mohamed, zombando de algumas histórias do Alcorão. “Mohamed nunca perdoou-o por isto, e quando ele foi feito prisioneiro na Batalha de Badr, ele fez causa para que fosse posto à morte.”[34]
Em síntese, vemos que
(1) Árabes vivendo em Mecca e Medina em 600 d.C. tiveram relacionamentos políticos e econômicos com pessoas da Etiópia, Iêmen e Bizâncio, i.e., a atual Turquia.
(2) Um primo de Mohamed conhecia Persa bem o bastante para ter seus estudos musicais nessa língua.
(3) A tribo Ghassan, que dominou o deserto Sírio até os portões de Medina, usou o Siríaco – uma das principais línguas usadas para ensinar medicina em Jundi-Shapur – como sua língua oficial.
(4) Um rei doente do Iêmen veio a Ta’if consultar com o médico Harith ben Kalada, o qual foi treinado em Jundi-Shapur – a melhor escola de medicina em todo mundo – e para quem Mohamed algumas vezes enviou pacientes.
(5) Durante a vida de Mohamed uma nova escola médica foi estabelecida em Alexandria usando os XVI livros de Galeno como seus textos.
Tudo isto mostra que houve uma ampla oportunidade para Mohamed e seu povo mais próximo de terem ouvido as teorias embriológicas de Aristóteles, Hipócrates e Galeno, quando ele procuraram tratamento com Harith ben Kalada e outros doutores locais.
Deste modo, quando o Alcorão diz na Surata do Perdoador 40:67,
“Foi Ele quem vos criou primeiro de barro, depois de uma gota de esperma, depois de um coágulo de sangue (‘alaqa) ... [PARA QUE] POSSAIS COMPREENDER!”
E quando a Surata da Peregrinação (Al-Hajj) 22:5 diz,
“Homens, se tiverdes dúvidas sobre a Ressurreição, lembrai-vos de que Nós vos criamos primeiro de barro, depois de uma gota de esperma, depois de sangue coagulado (‘alaqa), etc...”
é correto que perguntemos novamente o que é que eles estavam entendendo?
O que é que eles estariam considerando disto?
Quando olhamos para as fases do Alcorão novamente, a resposta fica muito clara.
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Eles estavam entendendo e considerando o que era de conhecimento comum – as fases de desenvolvimento embriológico tal como eram ensinados pelos médicos Gregos.
Não estou querendo dizer que todos os ouvintes de Mohamed sabiam os nomes dos médicos Gregos, mas sim que eles conheciam as fases embriológicas dos doutores Gregos.
(1) Eles criam que o esperma do homem
(2) misturado com o sêmen da mulher e com sangue menstrual, o faz coagular e o faz vir a ser um bebê.
(3) Ele criam que havia um momento em que a massa fetal era “deforme”.
(4) Eles criam que a massa teria ossos
(5) e que os ossos seriam cobertos com músculos
No Alcorão, Allá estava usando o conhecimento comum como um sinal de encorajamento para os ouvintes e leitores se voltassem para Ele. O problema é que este conhecimento comum era e ainda não é verdadeira.
MÉDICOS ÁRABES APÓS MOHAMED
Nós agora devemos olhar para uma hadith e dois médicos bem conhecidos do período posterior a Mohamed. Obviamente eles não tiveram nenhum efeito no Alcorão, mas eles demonstraram a fé nas idéias embriológicas de Aristóteles, Hipócrates e Galeno continuaram ao longo dos Árabes até meados do ano 1600.
A Hadith encontra-se no Quarenta Hadiths de An-Nawawi e nela lemos o que se segue,
Esta Hadith é relatada de acordo com Abi ‘Abd-ar-rahman ‘Abdallah ben Mas'ud, que disse: O Apóstolo de Deus, ... , falou-nos e ele é verdadeiro e digno de crença:
“A criação de qualquer um de vocês é concluída através de vários estágios no abdômen de sua mãe; por 40 dias uma gota de esperma; então ele se tornará (‘alaqa) um coágulo pelo mesmo período, então um amontoado de carne (mudagha) pelo mesmo período; então o anjo será enviado para ele e ele soprará o espírito (alma) e o ordenará quatro palavras (sobre o futuro) escrevendo: sua sorte com o dinheiro, e sua extensão de vida, e suas ações e se ele há de ser maldito ou feliz futuramente.
E juro por Deus O qual não há nenhum outro além dEle: e pode ser que um de vocês cometa atos semelhantes aos do povo do céu até que ali reste somente um braço de distância entre ele e o céu, e os escritos (de seu futuro) o engolirão e ele cometerá os atos do povo do fogo e ele entrará nele. E pode ser que um de vocês cometam atos do povo do fogo até que só reste um braço de distância entre ele e o fogo, e os escritos (de seu futuro) o engolirão e ele realizará atos das pessoas do paraíso e nele entrerá.” (tradução própria) Transmitida por Bukhari e Muslim [35]
Aqui nós temos uma Hadith que é relatada da boca de Mohamed; atestada pelas maiores autoridades – Bukhari e Muslim; incluindo uma coleção especial de Hadiths por uma especialista nelas; o qual tem erros científicos grosseiros. Elas seguem as fases do Alcorão exatamente, mas aqui Mohamed adicionou outra informação. A gota de esperma continua sendo uma gota de esperma por 40 dias, e então um ‘alaqa por mais 40 dias, dando um total de 80 dias, e então um “montão de carne” por mais 40 dias, de um total de 120 dias como está exibido no sumário que segue adiante. Estudos ginecológicos modernos têm mostrado que o esperma continua vivo por menos de uma semana dentro do aparelho genital feminino, e que aos 70 dias a diferenciação orgânica e maturação já estão bem avançados, exceto para o cérebro.
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Esta Hadith diz que o feto não se torna “uma massa deforme de carne” antes dos 80 dias, um erro muito claro. Dr. Bucaille também menciona esta Hadith e concluí.
“Esta descrição da evolução embrionária não concorda com os dados modernos.”[36]
De qualquer modo, isto claramente mostra algo em que os homens ainda criam 200 anos após Mohamed, e levanta diversos problemas teológicos em relação a toda a Hadith.
O PROBLEMA TEOLÓGICO
Os erros científicos nesta Hadith também fazem erradas as posições teológicas de Mohamed?
Se o erro científico prova que esta Hadith muito bem atestada está errada, como nós saberemos algo sobre a validade das outras Hadiths também bem atestadas nas quais não ocorrem erros científicos para denunciar que elas estão erradas?
Uma questão bem mais crucial, como podemos saber que esta Hadith não é uma transmissão bem exata? Como saberemos que esta não representa as palavras de Mohamed e entendimentos dos fatos científicos?
Além disso, se a tradução correta de “alaqa” é “algo que se agarra” como os Muçulmanos modernos como Shabir Ally declaram, não há lugar onde este doutores pós-Alcorão possam se fundamentar. De fato, é bem o contrário. As idéias dos médicos Gregos estavam sendo usadas para explicar o Alcorão e o Alcorão era citado para iluminar o significado dos médicos Gregos.
Avicenna (Ibn Sina) 980-1037 d.C. escreveu,
679. O Ser humano tem sua origem de duas coisas --- (1) do esperma do homem, o qual toma parte do “fator”; (2) o esperma da mulher [primeira parte do sangue menstrual], que providência a matéria ... Eles dão ao coágulo (“Ele criou o homem de um coágulo” --- Q. 96,2) uma certa firmeza e dureza. [37]
Deste modo vemos que Ibn Sina deu ao sêmen feminino exatamente a mesma função que Aristóteles designou ao sangue menstrual... É difícil exagerar a importância de Ibn Sina como autoridade científica e filosófica dos Europeus pré-modernos. [38]
Ibn Qayyim Al-Jawziyya (1291-1351)
Ibn Qayyim toma total vantagem de acordo entre a revelação do Alcorão e a medicina Grega.
Aqui Ibn Qayyim está escrevendo um raciocínio médico o qual inclui
Hipócrates (itálico)
O Alcorão (negrito)
Hadith (negrito sublinhado)
Comentários (normal sublinhado)
E seus próprios pensamentos (em normal)
em um e no mesmo parágrafo.
Hipócrates disse no terceiro capítulo de Kitab al-ajinna: “... O sêmen está contido numa membrana, e ele cresce por causa do sangue da mãe o qual desce do ventre [39] ... Algumas membranas são formadas no início, outras após o segundo mês e outras no terceiro mês...” É por isso que Deus disse, “Cria-vos no útero de vossas mães, de estágio em estágio, em três dobras escuras” (Alcorão 39:6). Desde que cada uma dessas membranas têm sua própria dobra escura, quando Deus mencionou os estágios da criação e transformação de um estado para outro, Ele também mencionou a escuridão das membranas. A maioria dos comentaristas explicam: isto é o enegrecimento da barriga, e o enegrecimento do ventre e o enegrecimento da placenta’...
Num segundo exemplo lemos,
Hipócrates disse, “A boca abre espontaneamente e o nariz e ouvidos são formados da carne. Os ouvidos estão abertos e os olhos estão cobertos com um líquido claro”. O profeta também disse, ‘Eu louvo Aquele que fez minha face e a formou, e abriu meus ouvidos e me deu a visão’ etc. etc.”[40]
Ele pôde fazer isto porque, como temos visto, o povo instruído do tempo de Mohamed foi familiar à medicina Grega.
De qualquer modo, o que é importante para nós que hoje estamos aqui é que não há nenhum lugar em que o Alcorão tenha corrigido a medicina Grega. Não há lugar onde Ibn Qayyim esteve gritando “Ei rapazes. Vocês têm feito tudo isso errado. O sentido correto de ‘alaqa é “algo que se agarra”. Pelo contrário, Ibn Qayyim estava demonstrando o acordo que há entre o Alcorão e a medicina grega – o comum-acordo entre eles para um erro.
Uma testemunha final é o comentário de Imam Naasir-addiin Baidawii que morreu em 1282 d.C. Ele cita a Surata 22:5 e dá seu significado. Ele explica ‘alaqa como “um pedaço de sangue solidificado (qata min al-dam jaamida)”e mudagha como “um pedaço de carne originalmente muito deforme (qata min al-lahm wa hiya fii al-aasal qadr maa yamdagh)”. [41]
Fases do desenvolvimento – uma idéia moderna ?!?!
Como mencionei no início deste estudo, tem sido dito que a idéia do desenvolvimento do embrião através de estágios é algo moderno, e que o Alcorão está profetizando a embriologia moderna ao descrever fases diferentes. Ainda, temos visto que Aristóteles, Hipócrates, os Indianos e Galeno, todos eles discutiram as fases do desenvolvimento embriológico durante 1000 anos antes do Alcorão.
E após a vinda do Alcorão a importância dos diferentes estágios tal como estão descritos no Alcorão, foi cuidado nos ensinos das Hadiths, Avicenna e Ibn Qayyim, e é essencialmente o mesmo que fora ensinaod por Galeno e por aqueles que o precederam.
A respeito da fase dos ossos, está claro, tal como Dr. Moore demonstra de modo tão capaz em seu livro-texto, que os músculos começam a se formar ao mesmo tempo em que a cartilagem modela os ossos. Não há fase dos ossos nos quais os membros do feto em desenvolvimento são apenas ossos em volta dos quais músculos serão futuramente bem postos.
Está igualmente claro que ‘alaqa no Alcorão significa coágulo e que os Quraish que ouviram Mohamed falando entenderam-no como se referindo ao sangue menstrual como a contribuição feminina para o desenvolvimento do bebê.
Consequentemente podemos concluir que durante todos estes anos, os versos do Alcorão tratando da embriologia dizendo que “o homem é criado de uma gota de esperma que vem a ser um coágulo” está em perfeito acordo com a “ciência” do primeiro século da Hejira, do tempo do Alcorão.
Mas quando comparados com a ciência moderna do século XXI,
Hipócrates está errado,
Aristóteles está errado,
Galeno está errado,
O Alcorão está errado.
Eles todos estão em erros muito sérios.
- Antigo Professor de Anatomia, Faculdade de Medicina, Universidade de Toronto, Ontário, Canadá.
- Arabization and Medical Education, p. 51, re-impresso em 1995 por Islamic Information & Da`wah Centre International, 957 Dovercourt Road, Toronto, M6H 2X6
- Biberstein Kasimirski, Le Koran, Bibliotheque Charpentier, Paris 1948.
- Abdullah Yusuf Ali, The Holy Qur’an. American International Printing Co., Washington, 1946.
- Muhammad Marmaduke Pickthall, The Glorious Qur’an, Muslim World League, New York, 1997.
- The Holy Qur'an, Ahmadiyyah Anjuman Ishaat Islam, Lahore, 1951.
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- N. J. Dawood, checked and revised by Mahmud Y. Zayid, The Quran, Dar Al-Choura, P.O. Box 11-4251, Beirut, 1980.
- Islam, 2nd Ed., U. of Chicago Press, Chicago, 1979, p. 13.
- Muhammad Ali, Op. cit.
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- Dr. Bèchir Torki, L'Islam Religion de la Science, l'UGGT, Tunis, 1979, p. 178.
- Ibid., p. 178.
- Le Coran, Librairie Orientale et Américaine, Paris, 1957. (translation mine)
- The Message of the Qur'an, Dar Al-Andalus Ltd., Gibraltar, 1980.
- Moore, Arabization and Medical Education, op. cit., p. 56.
- The Developing Human, Moore, 4th ed., 1988.
- Moore, Dev. Human, p. 75.
- Moore, op. cit., inside front cover.
- Moore, op. cit. p. 61.
- Keith L. Moore, The Developing Human, 4th ed.,1988, p. 346.
- See Section One, Chapter 1, "Some Basic Assumptions about Words", William F. Campbell M.D., The Qur'an and the Bible in the Light of History and Science, Middle East Resources, P.O. Box 96, Upper Darby, PA, 1986, p. 3-12.
- Ibn Khaldun, Vol. II, p. 391.
- Aristotle, On the Generation of Animals, Trans. by Arthur Platt, Vol. 9 of Great Books of the Western World, Encyclopædia Britannica, Inc., 1952.
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- Edward G. Brown, M.B., F.R.C.P., Arabian Medicine, Cambridge, 1921, p. 11.
- An-Nawawi, op. cit., p. 28-29.
- Bucaille, BQ&S, p. 245.
- Gruner, op.cit., p. 359.
- Musallam, Basim F., Sex and Society in Islam, Birth control before the 19th century. Cambridge University Press, 1983, p. 47-48.
- É exatamente o que foi citado de Hipócrates no início da seção.
"The seed (embryo), then, is contained in a membrane ... Moreover, it grows because of its mother's blood, which descends to the womb. For once a woman conceives, she ceases to menstruate ... Section 14, p. 326."
- Ibn Qayyim, Tuhfat, p. 248-52.
- Baidawi's commentary of Sura Al-Hajj 22:1-5, Dar Al-Fikr, P.O. Box 11/7061, Beirut, Lebanon, 1982, p. 439.
Este artigo foi extraído da Seção Quatro do livro do Dr. Campbell, The Qur’na and The Bible in the Light of History and Science.
* This article is a translation of "‘ALAQA (CLOT?!?) AND OTHER EMBRYOLOGICAL STAGES IN THE QUR'AN" - original
* Este artigo é uma tradução de "‘ALAQA (CLOT?!?) AND OTHER EMBRYOLOGICAL STAGES IN THE QUR'AN" - original
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Palavras-chave
Mohamed, Maomé, Muhamed, Mohammed, Islã, Islam, Alcorão, Al-Corão, Quran, Korão, Al-Korão, hadith, hadice, sharia, tafsir, islamismo.