Respondendo ao islã

Podemos confiar nos Evangelhos?

Uma carta aos meus irmãos Muçulmanos, por Hans Wijngaards MHM 

Publicada em 1985

Tradução de Wesley Nazeazeno
 

Quando os Cristãos citam algo dos Evangelhos, os Muçulmanos comumente respondem:

O texto que você está citando não é o verdadeiro Evangelho. O Evangelho original de Jesus Cristo está perdido. As gerações passadas dos Cristãos têm corrompido suas Escrituras de modo que atualmente elas são inúteis.

Os Muçulmanos estão tão convencidos sobre este ponto da conversa que geralmente eles encerram o assunto por aqui mesmo. Como explicar o que nós cremos a respeito de Jesus Cristo quando os Muçulmanos estão convencidos que o Evangelho original apresentou outro Jesus, diferente do nosso? Se for dito ou não for dito, a suspeita, se é que não é uma acusação, sempre permanece ali: ‘Vocês estão confiando em Escrituras que foram falsificadas!’

Tais alegações também aparecem impressas. Recentemente um livro foi publicado com o título de Jesus Prophet of Islam (“O Profeta Jesus do Islã”, em tradução livre). Em acordo com o pensamento Muçulmano mais comum, o autor contende que Jesus apresentou-se a si mesmo como não mais que um profeta usual que nunca morreu em uma cruz (ele foi milagrosamente levado por anjos), que ele anunciou a vinda de Mohamed. A doutrina Cristã dos dias atuais é heresia, deliberadamente introduzida em anos posteriores. E estes hereges, diz o livro, apontando um dedo acusador, foram preparados para mutilar as Escrituras também. Eles também introduziram falsos escritos para fundamentar suas opiniões:

Os livros nos quais os ensinos de Jesus foram completamente destruídos, eliminados ou alterados com o objetivo de evitar qualquer contradição espalhafatosa entre suas próprias novas doutrinas... O ensino original está totalmente desaparecido e está irrevogavelmente perdido.

Não satisfeito em pronunciar apenas isto como um indicação geral do que pensam, o autor identifica com precisão o início histórico exato do processo de falsificação:

Em 325 d.C., deu-se o famoso Concílio de Nicéia. A doutrina da Trindade foi declarada a doutrinal oficial da Igreja Paulina, e uma das conseqüências desta decisão foi que de cerca de 300 ou mais evangelhos existentes naquele tempo, apenas quatro foram escolhidos como os evangelhos oficiais da Igreja. Os evangelhos restantes, incluindo o evangelho de Barnabás, foram ordenados à destruição. Um edito foi publicado declarando que qualquer um que fosse encontrado em posse de um evangelho não-autorizado poderia ser morto. Esta foi a primeira tentativa bem organizada de se remover todos os registros dos ensinos originais de Jesus, quer estivessem em seres humanos ou em livros.[1]

Para aqueles que estão familiarizados com fatos históricos, tais declarações sem fundamento serão facilmente minimizadas. O que responder a uma pessoa que crê que Londres mente sobre a Líbia? Mas isto pode não ser tão fácil para Cristãos que nunca estudaram teologia ou história da Igreja. Eles podem não saber que resposta dar quando estiverem falando com seus amigos Muçulmanos ou o que fazer a respeito de tais publicações Muçulmanas.  Por eles, eu devo pôr juntos alguns fatos e argumentos para mostrar que nossos Evangelhos não foram falsificados. Mas primeiro seria muito útil perguntar: de onde os Muçulmanos tiraram a idéia de que nossos evangelhos foram adulterados?

A origem do mito

No Alcorão os Muçulmanos são conduzidos a respeitar o Evangelho revelado a Jesus Cristo e lido pelos Cristãos. O Alcorão pressupõe que o Evangelho possuído pelos Cristãos é de fato idêntico ao original proclamado por Jesus [2]. Nos primeiros quatro séculos após Mohamed (600-1000 d.C.) nenhum teólogo Muçulmano contendeu seriamente que os textos dos Evangelhos não são autênticos. Eles podiam acusar os Cristãos de dar uma interpretação errada às palavras; mas eles não poderiam disputar com as próprias palavras. Os estudos dos apologetas Muçulmanos somente mostraram esta idéia com Ibn-Khazem, o qual morreu em Córdoba em 1064. Foi nele que a acusação de falsificação nasceu.[3]

Ibn-Khazem governou o sul da Espanha por algum tempo como o vizir do califa, agitando muitas guerras civis de acordo com seus interesses. Ele também tomou parte nas discussões teológicas. Pertencendo à tão falada escola de Zahiric, ele se opôs fortemente aos Xiitas.  Tanto na religião quanto na política eles foi um guerreiro forte e intransigente. Quem quer que se atrevesse a o resistir teria que ferir a si próprio, como por exemplo correr para se chocar em uma rocha. Sua caneta foi uma tão arma devastadora quanto a espada de um guerreiro. Por causa de seu fanatismo ele falhou em atrair discípulos ou fundar uma escola. Mas seus escritos foram muito influentes nos tempos posteriores. [4]

Em sua defesa do Islã contra os Cristãos, Ibn Khazem veio contra as contradições entre o Alcorão e os Evangelhos. Um exemplo óbvio foi o texto do Alcorão que diz que “o fato é que não o mataram”. (Surata 4:157). Desde que o Alcorão deve ser verdadeiro, ‘Ibn-Khazem argüiu, ‘deve ser que os textos do Evangelho que são conflitantes é que são falsos. Mas Mohamed disse-nos para respeitar o Evangelho. Por esta razão, o presente texto deve ter sido modificado pelos Cristãos.’ Sua argumento não foi baseado em fatos históricos, mas sim puramente em seus raciocínios e em sua desejo de salvaguardar a verdade do Alcorão.[5] Uma vez que ele se posicionou neste pensamento, nada pôde detê-lo de estar nos caminhos desta acusação. De fato, isto foi visto como sendo o modo mais fácil de atacar seus oponentes. “Se provarmos a falsidade de seus livros, eles perdem os argumentos que de lá tiram”.[16] “Isto os eventualmente leva a fazer algum declaração cínica. Os Cristãos perderam o Evangelho revelado exceto em pequenas partes as quais Deus deixou intactas para usar de argumento contra eles.”[17]

Escritores posteriores tomaram o mesmo raciocínio, expandiram-no e o ornamentaram. A falsificação da Bíblia foi asseverado até por Salikh Ibn-al-Khusain (morto em 1200), Ahmad at-Qarafi (morot em 1285), Sa'id Ibn-Khasan (morto em 1320), Muhamed Ibn-Abi-Talib (morto em 1327), Ibn-Taimija (morto em 1328) e muitos outros. Deles vieram um ingrediente fixo para os apologetas Muçulmanos.

Estes mesmos autores designaram o Imperador Constantino e Paulo como os chefes dos falsificadores. De Constantino, cuja personalidade está para eles manchada pelo Concílio de Nicéia, dizem que teria inventado a história da crucificação de Jesus por razões políticas e de ter reduzido o número de Evangelhos para quatro. Sobre Paulo várias histórias fantásticas são recontadas. De acordo com uma versão, Paulo foi o grande inimigo do Cristianismo que tentou destruir-lo completamente. Primeiro tentou usar a violência, mas quando não foi bem sucedido, decidiu continuar seus planos mas de um modo diferente. Ele fingiu uma conversão e se deixou batizar. Sua intenção era de arruinar o Cristianismo por dentro. Para garantir que ele poderia deixar uma última marca nos Cristãos, ele desejou ser considerado mártir. Então ele inventou a história de que Cristo apareceu a ele durante a noite e pediu-lhe para sacrificar a si mesmo aos pés da montanha. No dia anterior à sua morte ele chamou os três principais reis Cristãos e deu-lhes a cada um uma revelação secreta: ao primeiro disse que Cristo é o filho de Deus; ao segundo que Maria era a esposa de Deus; ao terceiro que Deus é três. Quando o sol raiou na manhã seguinte, Paulo saiu de sua cela com um manto acinzentado e em posse de uma faca. Ele sacrificou a si mesmo com suas próprias mãos. O povo o viu e creram que ele era um santo. Assim é como os Cristãos receberam suas falsas doutrinas e como se dividiram em diferentes seitas.[8] De acordo com outras histórias, Paulo era um rei Judeu, ou um monge vivendo em Roma 150 anos após Cristo. Todas as versões concordam em chamá-lo de um habilidoso falsário que simulou sua conversão para corromper a comunidade Cristã por dentro.

Estas fábulas sobre Constantino e Paulo parecem ter surgido de uma mistura de fontes Judaicas anti-Cristãs, lendas Persas e escritos de Marcião.[9] Não é difícil mostrar que elas não fazem o menor sentido histórico. Paulo viveu de cerca de 5-67 d.C., pregou a mesma doutrina como os outros Apóstolos e escreveu muitas das cartas do Novo Testamento. Constantino foi um Imperador Romano de 312-337 d.C. Deu aos Cristãos a liberdade de praticar sua religião, mas não inventou a crucificação ou trapaceou os Evangelhos. O Concílio de Nicéia que foi de 20 de Maio a 25 de Agosto de 324 d.C., não decretou nada a respeito de escritos apócrifos. Os 300 bispos que participaram argüiram sobre o entendimento das Escrituras, e não sobre o que era ou não parte das Escrituras. Eles estiverem em total acordo a respeito do texto. Tudo isto são fatos históricos.

Saber a causa de uma doença é o primeiro passo para encontrar sua cura. Os Muçulmanos que regularmente lêem apenas sua própria literatura e desde que elas se mantenham repetindo as velhas acusações podem estar firmemente convencidos de que eles estão certos.  Um sapo dentro de um poço pode acreditar que já viu o oceano. Não há solução. O progresso genuíno de um diálogo só é possível quando uma pessoa, tanto faz se Cristã ou Muçulmana, está preparada para pisar do lado de fora do ciclo vicioso do preconceito auto-impelido ao encarar fatos objetivos.

O texto dos Evangelhos

Isto leva-nos a considerar os próprios Evangelhos. Podemos nós encontrar o que o texto original era, as palavras bem precisas dos escritos inspirados tal como foram escritas no período entre 50 a 90 d.C.? Muitos cientistas têm devotado toda sua vida a esta questão. A ciência da ‘crítica textual’ tem estudo muitos textos antigos, dentre eles os livros do Novo Testamento. Devo me esforçar para explicar em poucos parágrafos como é, na realidade atual, este complicado e esmerado processo.

No tempo de Cristo todos os livros e cartas tinham de ser escritos à mão. Quando os escritos do Novo Testamento foram completos, eles só puderam ser divulgados às outras várias comunidades Cristãs através de cópias delas feitas a mão. Este tipo de cópia é chamado de ‘manuscritos’ (uma palavra Latina que significa “escrito à mão”). O material usado naqueles dias era o papiro, um papel de qualidade inferior ao papel feito de um tipo de planta. Porque os escritos sagrados seriam manuseados frequentemente – seja o para o uso particular ou para as celebrações de Domingo – o texto original e as cópias mais antigas iriam em breve se rasgar e se gastar. Então elas foram sendo substituídas continuamente por novas cópias.

No quarto século depois de Cristo, um material bem melhor foi encontrado, chamado de pergaminho. Estes pergaminhos eram manufaturados de retalhos de couro de ovelhas e eram fragmentados, torrados e então costurados juntos para formar um rolo. Obviamente, este pergaminho feito de couro era muito mais caro, mas sua vantagem consistiu em se mais difícil de destruir. Gradualmente mais e mais novas cópias do Novo Testamento foram feitas em rolos de pergaminhos, ou em ‘códices’, i.e., livros nos quais as folhas de pergaminho eram empilhadas uma sobre a outra (parecido como nossos livros atuais são feitos). Também houve aprimoramentos na escrita. Durante o primeiro século cada carta grega era escrita com uma letra maiúscula. Depois um estilo mais diferenciado se popularizou (a escrita minúscula). Quando os cientistas encontram um manuscrito, eles determinam manuscrito antigo, eles primeiro determinam sua idade, então o transcrevem o mais fidedignamente possível e o estudam em todas suas características. O texto preservado em um manuscrito em particular então é comparado ao encontrado em outros manuscritos.

Para estudar os escritos do Novo Testamento, os cientistas têm um rico material à sua disposição. De textos gregos (lembre-se que o Novo Testamento foi escrito em Grego) há não menos que 4680 manuscritos. 68 deles estão em papiros, 241 e pergaminhos maiúsculos, 2533 em manuscritos minúsculos e 1838 em lecionários (coleções de textos das Escrituras para leitura aos Domingos). E então ainda há mais de 6000 manuscritos de traduções antigas para línguas como o Latim, Siríaco, Copta, Gótico, Armênio, Etíope, Georgeano, Árabe Núbio, Persa e esloveno. Uma terceira fonte comparações são citações das Escrituras encontrados em textos de mais de 220 Pais e Teólogos da Igreja.

Alguns destes textos são muitos antigos. Um dos papiros conhecidos como P52, contém fragmentos do Evangelho de João. Ele é datado de 130 d.C., o que significa que esta cópia do Evangelho foi escrita no máximo 40 anos após o original. Outro famoso exemplo é o Codex Sináitico (Codex Sinaiticus) que cobre praticamente todo o Novo Testamento. Ao se comparar a grafia, podemos ver que três escribas trabalharam nele.

A natureza da evidência

Comparar estes milhares de manuscritos e outras fontes que vão de aproximadamente do segundo ao décimo quarto século é uma tarefa enorme. Mas isto tem sido feito. As repetidas cópias feitas ao longo dos séculos, por diferentes escribas e em locais muito distantes, resultaram em uma pequena variação espalhada no texto. Elas são conhecidas como “variantes de leitura”. Uma vez que uma variação de leitura é incorporada, as cópias futuras obviamente iriam conter a mesma variação. Ao analisar estas pequenas diferenças, os cientistas têm podido agrupar muitos manuscritos, mostrando que eles derivam de um manuscrito ancestral em comum. Deste modo, versões mais antigas do texto podem ser reconstruídas com grande precisão. Nós sabemos como que o texto era ao fim do terceiro século através de quatro correntes de transmissão: a Alexandrina, Ocidental, Cesariana e as famílias da Antioquia. Ao projetar esta situação futura ao passado, o texto que deve ter ante datado estas recensões pode ser alcançado.

Os resultados destes estudos têm revelado que não há nenhuma dúvida sobre a autenticidade dos textos do Novo Testamento. Podemos absolutamente assegurar que o texto que possuímos é essencialmente idêntico aos escritos originais.[10] Ou, para pôr isto em termos quantitativos, a pequenas variações que  têm surgido no texto ao longo de todos estes séculos, afetam somente 1 ½% (um por cento e meio) do texto, ou seja, uma a cada 60 palavras. E elas raramente fazem alguma diferença doutrinária. 98 e meio por cento do texto estão longe de qualquer dúvida.

Isto prova que o texto não tem sido (ou foi) falsificado. De fato, se alguém a algum tempo tentou tal falsificação, isto poderia ser imediatamente detectado. Imagine que um rico banqueiro de Singapura escreveu um último desejo descrevendo como suas propriedades deveriam ser divididas até 50 anos. Imagine que ele teve cinco filhos, cada um dos quais fez uma cópia desta vontade e a guardaram consigo imigrando para diferentes partes do mundo – Londres, Cape Town, Los Angeles, Sidnei e Rio de Janeiro. Cada um desses filhos teve também outros cinco filhos e cada um fez cópias do documento possuído por seus pais. Novamente, eles também tiveram mais cinco filho cada, que por sua vez fizeram cópias do documento. Agora supomos que o desejo original do avô em Singapura foi perdido por causa da comparação entre tantas cópias que foram feitas em locais muitos diferentes, o texto original com certeza poderia ser estabelecido. Se alguns dos filhos ou netos tiverem tentado alterar o texto, seu engano seria imediatamente exposto por causa desta variação comparada às outras cópias apresentadas. Do mesmo modo, qualquer tentativa de falsificar o texto do Evangelho seria imediatamente percebida por sua discrepância com outros milhares de manuscritos que retêm suas cópias independentes.

O rei Budista Ashoka, o qual governo a Índia de 273 a 240 a.C., promulgou um constituição única, humanitária. Ele ordenou que ela fosse inscrita em muitos lugares ao longo do império: em pedras, pilares e até nas paredes das cavernas. Porque mais de 35 de tais inscrições foram preservadas, nós sabemos com certeza o que a constituição original do rei Ashoka era. Ainda que uma das inscrições nas pedras tenha tentado falsificar o texto de Ashoka para nos enganar, podemos provar o engano simplesmente por compará-la às outras versões. Os Evangelhos foram a constituição da Igreja Primitiva, copiada aos milhares desde os dias mais antigos. Se uma falsificação surgiu nalgum momento, ela não tem como ficar oculta.

H. K. Moulton, que dispensou mais de 40 anos estudando os manuscritos, pode ser citado muito apropriadamente aqui. Após estabelecer que as menores variações entre os textos em nenhum caso significam uma perda de qualquer doutrina Cristã, ele diz:

Quando todos os documentos são separados e rigidamente examinados, nós encontramos que eles concordam entre si essencialmente... A crítica textual leva-nos de volta de nossa atual Bíblia impressa a caminhos longos e algumas vezes indiretos até chegar aos próprios escritos do Novo Testamento. Ela dá-nos substancialmente o que eles escreveram, rigorosamente testados e objetivamente aprovados... Nenhum livro teve seu texto tão vigorosamente examinado como o Novo Testamento tem. Nenhuma invenção poderia ter sobrevivido a isto ao passar pelos testes que a faz ser posta de lado... Nós podemos confiar que nosso Livro-Fonte, tem sido pesado numa balança e não foi achado em falta. [11]

Guardadores da Tradição

Deste modo, tem sido mostrado que os Cristãos desde os tempos mais antigos têm preservado fielmente as doutrinas reveladas tais como as receberam. Pode ser que isto não nos surpreenda. Nós sabemos quão ansiosos eles guardaram os tesouros os quais Deus confiou-lhes. Antes mesmo do ano 50, Paulo escreveu: “Então, irmãos, estai firmes e retende as tradições que vos foram ensinadas, seja por palavra, seja por epístola nossa.” (II Ts 2:15). “E louvo-vos, irmãos, porque em tudo vos lembrais de mim e retendes os preceitos como vo-los entreguei.” (I Co 11:2). “Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras... assim pregamos, e assim haveis crido... pelo qual também sois salvos, se o retiverdes tal como vo-lo tenho anunciado”. (I Co 15:3-4, 11, 2)

Os Cristãos antigos estavam tão ansiosos quanto nós para saber o que Cristo havia dito e feito. Os Gregos e Romanos haviam desenvolvimento altos padrões completos da escrita histórica. O que eles conheciam podia registrar fatos objetivos, provados por declarações de testemunhas oculares e documentos originais.

Estudiosos modernos julgam que diversos dos historiadores antigos são dignos de confiança e são bem exatos nos escritos que nos deixaram. Heródoto, Tucidides, Políbio e Tácito foram grandiosos; Joséfo, César e Políbio dignos de nota. Até mesmo que se algumas pessoas foram descuidadas a respeito disso, certamente que os escritores Cristãos conheciam o que os registro exatamente envolviam.[12] Consequentemente, nós podemos levar muito a sério pretensão de Lucas quando ele disse que havia consultados testemunhas oculares (Lc 1:2) e então continuou: “pareceu-me também a mim conveniente descrevê-los a ti, ó excelentíssimo Teófilo, por sua ordem, havendo-me já informado minuciosamente de tudo desde o princípio,  para que conheças a certeza das coisas de que já estás informado.” (Lc 1:3-4). Os Cristãos sempre têm procurado saber a plena verdade sobre tudo o que eles têm ensinado.

Um novo princípio

Os Cristãos e Muçulmanos compartilham muitas crenças em comum. Ambos aceitam um só Deus, o Criador e Fonte de toda Revelação, o Julgamento Misericordioso que punirá o maldoso e recompensará o bom. Com o materialismo ganhando vantagem em muitas partes do mundo, é importante que os crentes dêem ênfase ao que têm em comum ao invés de intensificar a mútua oposição. Isto significa um preconceito infundado de ambos os lados pode ser removido. Em fevereiro de 1976, 1200 delegados de 60 países participaram de um seminário sobre “Diálogo entre Cristãos e Muçulmanos”. Os Cristãos invitaram os Muçulmanos a fazerem um estudo mais profundo do Novo Testamento e para deixarem de lado a acusação de falsificação. Um diálogo exige que cada lado aceite a autenticidade das Escrituras da outra pessoa na qual sua fé é baseada. [13]

Muitos dos grandes pensadores Muçulmanos têm, de fato, aceitado a autenticidade do texto do Novo Testamento. Listando os nomes destes homens vemos uma conclusão bem adequada para este ensaio. O testemunho deles prova que o diálogo Cristão-Muçulmano precisa não estar bloqueado pela alegação apresentada por Ibn-Khazem. Dois grandes historiadores, Al-Mas’udi (morto em 956) e Ibn-Khaldun (morto em 1406), mantiveram a autenticidade do texto dos Evangelhos. Quatro teólogos bem conhecidos concordam com isto: Ali at-Tabari (morto em 855), Qasim al-Khasani (morto em 860), ‘Amr al-Ghakhiz (morto em 869) e, por último mas não menos importante, o famoso Al-Ghazzali (morto em 1111).[14] A visão deles está compartilhada por Abu Ali Husain Ibn Sina, que é conhecido no Ocidente como Avicenna (morto em 1037). Bukhari (morto em 870), que obteve um grande nome por causa de sua coleção de tradições antigas, citou o próprio Alcorão (Surata 3:72,78) para provar que o texto da Bíblia não foi falsificado.[15] Finalmente, Muhammad Abduh Sayyid Ahmad Khan, um religioso e reformador social dos tempos modernos (morto em 1905), aceitou os achados da ciência moderna. Ele disse:

Por mais longe no passado que o texto da Bíblia é tratado, ele não foi alterado... Nenhuma tentativa foi feita para apresentar um texto divergente como sendo autêntico.[16]

Que Deus possa ser louvado com o testemunho destes homens tão honestos. 



NOTAS

1. MUHAMMAD ATA UR-RAHIM, Jesus Prophet of Islam, Omar Brothers Publications, Singapore 1978, pp. 12, 15 and 40.

2. G. PARRINDER, Jesus in the Qur'an, Faber and Faber, London 1965, ch 15.

3. P. A. PALMIERI Die Polemik des Islams, German tr. Holzer, Salzburg 1902; E. FRITSCH, Islam und Christentum im Mittelalter, Müller & Seiffert, Breslau 1930; see also. H. HIRSCHFELD, `Muhammadan Criticism of the Bible'. Jewish Quarterly Review 13 (1901) 222-240.

4. F. M. PAREJA, Islamologia, Orbis Catholicus, Roma 1951, pp. 460-461.

5. I. DI MATTEO, `Il "takhrif" od alterazione della Bibbia secondo i musulmani', Bessarione 38 (1922) 64-111; 223-260; `Le preteze contradizzioni della S. Scrittura secondo Ibn-Hazm', Bessarione 39 (1923) 77-127, E. FRITSCH, op. cit., p. 66.

6. IBN KHAZEM, Kitab al-fasl fi'l-milah wa'l ahwa'l nikhal, II,6; E. FRITSCH, op cit., p.55.

7. IBN KHAZEM, ibid.; E. FRITSCH, op. cit, p. 64.

8. Synopsized from AL-QARAFI; E. FRITSCH, op. cit., p. 49.

9. Histórias parelelas são encontradas em  Tustari's Persian version of Qisas al-anbija (história dos profetas) em um manuscrito datado de 1330 AD, e em Ghalal-addin Rumi's Metnewi (A história de um rei judeu e seu vizir, 1273 AD); E. FRITSCH, op. cit., pp. 50-65.

10. Para uma descrição mais completa da crítica textual e sua obra, recomendo F. G. KENYON, The Text of the Greek Bible, London 1937, 1949; L. D. TWILLEY, The Origin and Transmission of the New Testament, Edinburgh 1957; V. TAYLOR, The Text of the New Testament, London and New York 1961; J. H. GREENLEE, An Introduction to New Testament Textual Criticism, Grand Rapids 1964; B. M. METZGER, The Text of the New Testament Oxford 1968.

11. H. K. MOULTON, Papyrus, Parchment and Print; the story of how the New Testament text has reached us, London 1967, pp. 9-10, 70-71.

12. A. M. MOSLEY, `Historical Reporting in the Ancient World', New Testament Studies 12 (1965) 10-26.

13. Text of the Final Declaration of the Tripoli Seminar, L'Osservatore Romano (English Edition), Feb. 26, 1976, pp. 6-7.

14. I. DI MATTEO, loc. cit (note 5), AT-TABARI and AL-GHAKHIZ claimed the translations were unfaithful at times; they did not doubt the authenticity of the Greek original. With regard at AL-GHAZZALI, see F. M. PAREJA, op. cit, p. 463.

15. G. PARRINDER, Jesus in the Qur'an, Faber and Faber, London 1965; Dutch translation, Ten Have, Baarn 1978, p. 124.

16. M. H. ANANIKIAN, `The Reforms and Religious Ideas of Sir Sayyid Ahmad Khan'. The Moslem World 14 (1934) p. 61.


Can we trust the Gospels? por Hans Wijngaards, 1985,
Catholic Truth Society, 192 Vauxhall Bridge Road, London SW1,
ISBN 0 85183 614 3. Reproduzido com a autorização do autor



* This article is a translation of "Can we trust in the Gospel?" - original

* Este artigo é uma tradução de "Can we trust in the Gospel?" - original

Voltar para a página principal
Back to English version

Palavras-chave

Mohamed, Maomé, Muhamed, Mohammed, Islã, Islam, Alcorão, Al-Corão, Quran, Korão, Al-Korão, hadith, hadice, sharia, tafsir, islamismo.

Contato