Respondendo ao islã

‘Isa, o Jesus Muçulmano

Por Dr. Mark Durie

Tradução de Wesley Nazeazeno

 

“A palavra Cristão não é uma palavra válida, porque não há nenhuma religião do Cristianismo, de acordo com o Islã”. — www.answering-christianity.com

Nos dias atuais, sempre mais temos ouvido e lido que o Cristianismo e o Islã “compartilham” Jesus, que ele pertence a ambas as religiões. E o mesmo ocorre com Abraão: há uma conversa sobre uma ‘civilização Abraâmica Ocidenteal’, da qual vez ou outra alguém fala de ‘civilização Judaica-Cristã’. Esta mudança de pensamento reflete o crescimento da influência do Islã.

Estas notas oferecem alguma informação e reflexão sobre o ‘Jesus Muçulmano’, para ajudar a se pôr esta tendência em seu devido contexto.

As referências entre parênteses são to Corão. Os sistemas numéricos para os versões dele não são padronizados: então, esteja preparado para procurar nos versos em volta caso não encontre diretamente o devido.

Islã, a fé primordial

O Islã se considera a si mesmo não como uma fé subseqüente do Judaísmo ou Cristianismo, mas como a religião primordial, a fé da qual o Judaísmo e Cristianismo tiveram desenvolvimentos subseqüentes. No Alcorão lemos que Abraão “não foi um Judeu ou um Cristão, mas foi um monoteísta, um Muçulmano” (Al ‘Imran 3:66). Então são os muçulmanos, e não os Cristãos ou Judeus, que são os verdadeiros representantes da fé de Abraão para o mundo de hoje. (Al Baqarah 2:135)

Os profetas bíblicos foram todos Muçulmanos

Muitos dos profetas do passado receberam a exclusiva religião do Islã (Ax Xura, 42:13). Quem foram estes profetas? De acordo com Al An'am 6:85-87, se incluem Ibrahim (Abraão), ‘Ishaq (Isaque), Yaqub (Jacó), Nuh (Noé), Dawud (Davi), Sulaiman (Salomão), Ayyub (Jô), Yusuf (José), Musa (Moisés), Harun (Aarão), Zakariyya (Zacarias), Yahya (João Batista), ‘Isa (Jesus), Ilyas, Ishmael, Al-Yash’a (Elias), Yunus (Jonas) e Lut (Ló).

O ‘Isa (Jesus) Muçulmano

Existem duas fontes sobre ‘Isa, o Jesus dos Muçulmanos. O Alcorão traz uma história de sua vida, enquanto as coleções do Hadith — aglomerado de palavras e feitos de Maomé — estabelecem lugar o lugar de Jesus no pensamento Muçulmano para o futuro.

O Alcorão

‘Isa foi um profeta do Islã

O verdadeiro nome de Jesus, de acordo com o Alcorão, era ‘Isa. Sua mensagem foi puro Islã, completamente rendido a Allá (Al ‘Imran 3:84). Semelhantemente a todos os profetas Muçulmanos antes dele, e como Maomé logo após, ‘Isa foi um legislador, e os Cristãos deveriam submeter-se à sua lei (Al ‘Imran 3:50; Al-Ma’idah 5:48). Os discípulos originais de ‘Isa também foram verdadeiros Muçulmanos, porque eles disseram “Cremos. Testemunha que somos Muçulmanos” (Al-Ma’idah 5:111).

Os livros

Igual aos outros mensageiros do Islã antes dele, ‘Isa recebeu sua revelação do Islã na forma de um livro (Al’na'am 6:90). O livro de ‘Isa é chamado de Injil ou “evangelho” (Al-Ma’idah 5:46). A Torá foi o livro de Moisés e o Zabur (Salmos) foi o livro de Davi. Sendo assim, Judeus e Cristãos são “pessoas do Livro”. A única religião revelada nestes livros foi o Islã (Al’Imran 3:18).

Juntamente como nos profetas que antecederam, a revelação de ‘Isa comprovou as revelações dos profetas anteriores (Al ‘Imran 3:49,84; Al-Ma’idah 5:46; As-Saff 61:6). O próprio Maomé verificou todas as revelações anteriores, incluindo a revelação de ‘Isa (An-Nissa 4:47); então os Muçulmanos devem crer na revelação a qual foi recebida por ‘Isa (Al-Baqarah 2:136). Todavia, após ‘Isa, o Injil perdeu sua forma original. Hoje apenas o Alcorão é o guia verdadeiro para os ensinos de ‘Isa.

A biografia de ‘Isa

De acordo com o Alcorão, ‘Isa foi o Messias. Ele foi auxiliado pelo “Espírito Santo” (Al-Baqarah 2:87; Al-Ma’idah 5:110). Ele também é referido como a “Palavra de Allá” (An-Nisa’ 4:171)

A mãe de ‘Isa, Mariam, foi filha de ‘Imran, (Âl 'Imran 3:34,35) — cf o Amrão de Êxodo 6:20 — e a irmã de Aarão (e Moisés). (Mariam 19:28) Ela foi criada por Zacarias (pai de João Batista). (Al ‘Imran 3:36) Enquanto ainda era virgem (Al-An'am 6:12; Mariam 19:19-21) Mariam deu à luz ‘Isa, sozinha em um lugar desolado, embaixo de uma palmeira. (Mariam 19:22) (Não em Belém).

‘Isa enquanto ainda era um bebê em seu berço. (Al ‘Imran 3:46; Al-Ma’idah 5:110; Mariam 19:30) Ele realizou diversos outros milafres, incluindo dar vida a passarinhos de barro, curando cegos e leprosos e ressuscitando da morte. (Al ‘Imran 3:49; Al-Ma’idah 5:111) Ele ainda profetizou sobre a vinda de Maomé. (As-Saff 61:6)

‘Isa não morreu numa cruz

Os Cristãos e os Judeus corromperam suas escrituras. (Al ‘Inram 3:74-77. 113) Apesar de os Cristãos crerem que ‘Isa morreu numa cruz, e os Judeus dizerem que mataram-no, na realidade, ele não foi morto ou crucificado, e todos aqueles que dizem que ele foi crucificado são mentirosos (An-Nisa’ 4:157). ‘Isa não morreu, mas foi arrebatado para Allá. (An-Nisa’ 4:158) No dia da Ressurreição, o próprio ‘Isa será testemunha contra os Judeus e Cristão por acreditarem em sua morte. (An-Nisa’ 4:159)

Os Cristãos deveriam aceitar o Islã e todos os verdadeiros Cristãos aceitarão

Os Cristãos (e Judeus) não poderiam estar libertos de sua ignorância até que Maomé viesse trazendo o Corão como uma evidência clara (Al-Bayyinah 98:1). Maomé foi um presente de Allá para os Cristãos corrigirem seus equívocos. Eles devem aceitar a Maomé como o Mensageiro de Allá e o Corão como sua revelação final. (Al-Ma’idah 5:15; Al-Hadid 57:28; Na-Nisa’ 4:47)

Alguns Cristãos e Judeus são fiéis e crêem verdadeiramente. (Al ‘Imran 3:113, 114) Quaisquer uns dos tais crentes se submeterão a Allá aceitando a Maomé como o profeta do Islã, i.e., eles se tornarão Muçulmanos. (Al ‘Imran 3:198)

Posto que os Judeus e pagãos terão a maior das inimizades contra os Muçulmanos, serão os Cristãos que estarão ‘mais próximos do afeto dos fiéis’, i.e., dos Muçulmanos. (Al-Ma’idah 5:82) Os verdadeiros Cristãos não amarão os inimigos de Maomé. (al-Mujadilah 58:22) Em outras palavras, qualquer um que se opõe  a Maomé não é um verdadeiro Cristão.

Cristãos que aceitam o Islã ou recusam-no

Alguns Judeus e Cristãos são crentes verdadeiros, aceitando o Islã: a maioria são transgressores (Al ‘Imran 3:109)

Muitos monges e rabinos têm ganância pela riqueza e impedem as pessoas de irem até Allá. (At-Taubah 9:34,35)

Cristãos e Judeus e não crêem em Maomé vão para o inferno. (Al-Bayyinah 98:6)

Os Muçulmanos não devem ter os Cristãos ou Judeus como seus amigos. (Al-Ma’idah 5:51) Eles devem lutar contra os Cristãos e Judeus que recusarem o Islã até que eles se rendam, paguem os impostos dos países islâmicos e sejam humilhados. (At-Taubah 9:29) A isto podem ser adicionados centenas de versos do Corão em favor dos caminhos de Allá, bem como o “Livro da Jihad” encontrado em todas as coleções da Hadith.

Crenças Cristãs

Os Cristãos são ordenados a não crer que ‘Isa é o filho de Deus: ‘Glorificado seja! Longe está a hipótese de ter tido um filho’. (An-Nisa’ 4:171; Al-Furqan 25:2) ‘Isa foi simplesmente um ser humano criado e um servo de Allá; (An-Nisa’ 4:172; Al ‘Inram 3:59)

Cristãos são reclamados pelo Corão por crerem numa família de deuses — Deus Pai, mãe Maria e ‘Isa, o filho — mas ‘Isa rejeitou tal ensino sobre familiar. (Al-Ma’idah 5:116) A doutrina da Trindade não devem receber crédito e um destino de tormento aguarda por aqueles que crerem nisto. (Al-Ma’idah 5:73)

‘Isa (Jesus) na Hadice

‘Isa, o destruidor do Cristianismo

O profeta ‘Isa terá um papel muito importante no fim dos tempos, estabelecendo o Islã e fazendo guerra até que ele destrua todas as religiões, exceto o Islã. Ele deve matar o Maligno (Dajjal), uma figura apocalíptica anti-Cristo.

Em outra tradição de Maomé, lemos que nenhum outro profeta virá à terra até que ‘Isa retorne como ‘um homem de estatura mediana, de pele avermelhada, vestindo duas peças leves, parecendo como se gotas de água caíssem de sua cabeça apesar de não estar molhada. Ele lutará pela causa do Islã. Ele quebrará a cruz, matará os porcos e abolirá o pagamento do imposto. Allá destruirá todas as religiões, exceto o Islã. Ele (‘Isa) destruirá o Maligno e viverá na terra por quarenta anos e então morrerá’. (Sunan Abu Dawud, 37:4310) O Sahih Muslim tem uma variante desta tradição: ‘O filho de Maria... em breve descenderá de você como um juiz reto. Ele abolirá... o pagamento de imposto, e a riqueza verterá de modo tão grande que ninguém aceitará presentes de caridade.’ (Sahih Muslim 287)

O que estes ditos significam? A cruz é um símbolo Cristão. Quebrar cruzes significa abolir o Cristianismo. Porcos são associados aos Cristãos. Matá-los é outro modo de falar sobre a destruição do Cristianismo. Sob a lei Islâmica, o pagamento do imposto compra a proteção de suas vidas e as propriedades dos conquistados ‘daqueles que receberam o Livro’. (At-taubah 9:29) A abolição do pagamento do imposto significa que a jihad voltou contra Cristãos (e Judeus) que vivem onde o Islã rege, os quais podem se converter ao Islã, ou também serem mortos ou escravizados. A abundância de riquezas refere-se aos saques realizados pelos Muçulmanos em suas conquistas. Isto é o que o ‘Isa Muçulmano fará quando retornar nos últimos dias.

Juristas Muçulmanos confirmam estas interpretações: considere, por exemplo, o parecer de Ahmad ibn Naqib al-Misri (d. 1368)

“...o momento e o local para (o imposto) está antes da descida final de Jesus (que a paz esteja sobre ele). Após sua vinda final, nada, exceto o Islã, será aceito, porque a cobrança do imposto somente é efetivo até que Jesus volte (que a paz esteja sobre ele e sobre nosso profeta)...” (The Reliance of the Traveller. Trans. Nuh Ha Mim Keller, p. 603).

Ibn Naqib vai até o momento em que Jesus retorna, ele governará ‘como um seguidor’ de Maomé.

Comentários Críticos sobre o ‘Isa Muçulmano (Jesus)

‘Isa não é uma figura histórica

O ‘Isa do Corão não é uma personagem histórica. Sua identidade e papel como um profeta do Islã é baseado somente nas supostas revelações de Maomé cerca de meio milênio após o Jesus histórico ter vivido e morrido.

O nome de Jesus nunca foi ‘Isa

A língua da mãe de Jesus foi o Aramaico. Em seu próprio tempo de vida, ele foi chamado de Yeshua em Aramaico, ou de Jesu em grego. Isto é como chamar a mesma pessoa de João quando falamos Português e John quando falamos Inglês: Jesu, pronunciado como “Yesú”, é a forma Grega do Aramaico Yeshua. (O final –s em Jesu-s é um final gramatical da língua Grega). Yeshua é uma forma do Hebraico Yehoshua’, que significa ‘o Senhor é a salvação’. Entretanto, Yehoshua’ é normalmente dado em Português como Josué. Então, Josué e Jesus são variantes do mesmo nome.

É interessante que o nome de Jesus, Yehoshua’ contém em si o nome Hebraico para Deus, a primeira sílaba Yeh- sendo uma contração de YHWH, ‘o SENHOR’.

Yeshua de Nazaré nunca foi chamado de ‘Isa, o nome que o Corão deu a ele. Cristãos de língua Árabe referem-se a Jesus como Yasou’ (de Yeshua) e não ‘Isa.

Jesus não recebeu um ‘livro’

De acordo com o Corão, o ‘livro’ revelado a ‘Isa foi o Injil. A palavra Injil é uma forma corrompida da grega euanggelion ‘boas novas’ ou evangelho. O que foi este euanggelion? Foi exatamente como Jesus se referia à sua mensagem: como boas-novas. A expressão euanggelion não se refere a um texto revelado em específico, e não há absolutamente nenhuma evidência de que Jesus recebeu um ‘livro’ de revelação de Deus.

Os ‘Evangelhos’ da Bíblia são biografias

O termo euanggelion depois veio a ser usado como um título para as quatro biografias de Jesus, escritas por Mateus, Marcos, Lucas e João, os ‘Evangelhos’. Este foi um desenvolvimento secundário do sentido da palavra. Aparentemente, foi aqui que Maomé cometeu seu equívoco de o Injil ser um ‘livro’.

Muitos dos tão falados profetas do Islã não receberam nenhum livro

Virtualmente, todos dos tão falados ‘profetas’ do Islã, os quais tiveram seus nomes tomados das escrituras Hebraicas, não receberam nenhum ‘livro’ ou códigos de lei. Por exemplo, os Salmos não são um livro revelando o Islã, como o Corão afirma, mas é uma coleção de canções de louvor, dos quais nem todos são de Davi. Não há um só fragmento de evidência na histórica Bíblica de Davi que afirme que ele recebeu um livro de leis para os israelitas. Eles já possuíam a Torá de Moisés para seguirem. Então Davi não foi um profeta do Corão de forma alguma. Do mesmo modo, a maioria dos profetas clamados pelo Islã não foram nem legisladores e nem governantes.

As profecias Bíblicas e as profecias Islâmicas não são a mesma coisa

O entendimento bíblico de profecia é muito diferente do de Maomé. Uma profecia bíblica não é considerada como uma passagem de um texto da eternidade celestial pré-existente, como no Corão, mas é uma mensagem de Deus por um tempo e local específico. Um profeta bíblico é alguém para o qual Deus revela coisas ocultas e que, então, atual como agente verbal de Deus. Quando a mulher Samaritana chamou Jesus de profeta (João 4:19) foi porque ele havia falado sobre coisas de sua vida que só poderiam ser sabidas sobrenaturalmente. O Cristianismo ensina que Jesus foi um profeta, mas ele não trouxe qualquer ‘livro’: ele mesmo foi a ‘Palavra de Deus’ viva, um título de ‘Isa no Alcorão.

De modo algum todas as profecias que tenham ocorrido vieram a ser parte do texto Bíblico. A Bíblia consiste de uma ampla variedade de materiais originalmente escritos por diversos propósitos diferentes, incluindo cartas, canções, poesia romântica, narrativas históricas, textos legislativos, provérbios de sabedoria, e, bem como, passagens proféticas. Estes materiais são considerados como inspirados por Deus, mas não ditados de um livro celestial à parte do tempo.

Como história profética, o Corão contém muitos erros e enacronismos

A afirmação de que Jesus não foi executado por crucificação está completamente sem suporte histórico. Uma coisa em que todas as fontes primitivas concordavam era na crucificação de Jesus.

Mariam, a mãe de ‘Ìsa, é chamada de a irmã de Arão, e também de filha do pai de Arão, ‘Imran (do Hebraico, Amrão). Claramente Maomé confundiu Maria (do Hebraico, Miriã) com a Miriã do livro do Êxodo. As duas viveram mais de mil anos de diferença!

Na Bíblia, Hamã é o ministro de Assuero na Pérsia e Média (Livro de Ester 3:1-2). O Corão ainda o põe cerca de mil anos antes como um ministro de Faraó, no Egito.

A afirmação de que os Cristãos crêem em três Deuses — Pai, o filho Jesus e a mãe Maria — está equivocada. O Corão também está equivocado ao dizer que os Judeus dizem que Ezra era um filho de Deus. (At-Taubah 9:30) A acusação de politeísmo por parte dos Cristãos e Judeus é mal-informada e falsa. (Deuteronômio 6:4, Tiago 2:19ª)

A história de ‘Zul-Carnain’ (lit. ‘Aquele de dois chifres’, Al-Kahf 18:83, cf. Daniel 8:3, 20-21) é derivada do Romance de Alexandre. Certamente Alexandre o Grande não era Muçulmano.

O problema com o nome de ‘Isa já foi discutido. Outros nomes Bíblicos são também incompreensíveis no Corão e seus significados perdidos. Por exemplo Elias, que significa ‘Deus é a salvação’, é dado no Corão como al-Yash’a, transformando o prefixo El ‘Deus’ em al- ‘o’. (A tradição islâmica fiz o mesmo com Alexandre o Grande, chamando-o de al-Iskandar, ‘o Iskandor’). Abraão ‘Pai de muitos’ (cf Gênesis 17:5) deve ser melhor representado como algo perto de Aburahim, ‘pai da misericórdia’ ao invés de Ibrahim, que não significa absolutamente nada na língua Árabe.

O Corão apresenta um Samaritano confeccionando o bezerro de ouro, o qual foi adorado pelos Israelitas no deserto (Ta Há 20:85) durante o Êxodo. De fato, foi Arão (Êxodo 34:1-6). Os Samaritanos só vieram a existir alguns séculos depois. Eles foram descendentes dos Israelitas do norte após o Êxodo.

Muitas histórias do Corão podem ser reconhecidas como sendo de lendas populares dos Judeus e Cristãos, e outros de literaturas apócrifas. Por exemplo, a história de Abraão destruindo ídolos (As-Saffat 37) é encontrado numa lenda Judaica, a Midrash Rabbah. A história de Zacarias no Corão, pai de João Batista, está baseada sobre uma fábula Cristã do segundo século. A história de Jesus nascendo sob uma palmeira é baseada noutra fábula mais tardia, bem como a história de Jesus fazendo passarinhos de barro viver. Tudo o que o Corão diz sobre a vida de Jesus e que não é encontrado na Bíblia, pode ser localizado nas fábulas compostas mais de cem anos após a morte de Jesus.

O título de Jesus de Messias e Palavra de Deus, as quais são usadas pelo Corão, não encontram qualquer explicação no Corão. Já na Bíblia, de onde tais títulos foram tomados, estes títulos são bem integrados a todo o sistema teológico.

O Corão menciona o Espírito Santo em conexão com Jesus, usando frases que vêm dos evangelhos. Ibn Ishaq (Life de Muhammad) relata Maomé dizendo que este ‘Espírito’ era o anjo Gabriel. (cf. também An-Nahl 16:102, Al-Baqarah 2:97). Contudo, a expressão Bíblica ‘Espírito de Deus’ (Ruach Elohim) or ‘Espírito Santo’ somente pode ser entendida à luz das escrituras Hebraicas. Certamente que não se referem a um anjo. A alegada predição de Jesus sobre a vinda de Maomé (As-Saff 61:6) parece ser baseada em uma leitura equivocada (ou adulterada) de João 14:26, uma passa que de fato faz referência ao Espírito.

As Escrituras Hebraicas foram a Bíblia de Jesus. Ele afirmou sua autoridade e fidedignidade, e também pregou a partir dela. Nessas mesmas escrituras, ele conheceu Deus como Adonai Elohim, o Senhor Deus de Israel. Ele não chamou-o de Allá, o que aparece ter sido o nome o título de uma divindade pagã Árabe que era adorada em Mecca antes de Maomé. O pai pagão de Maomé, que morreu antes de Maomé nascer, teria ostentado o nome de ‘Abd Allah, ‘escravo de Allá’, e seu tio era chamado de Obeid Allah.

Lemos que Na-Najm 53:19-23 procura refutar a crença pagã árabe de que Allá teve filhas chamadas al-Uzza, al-Ilat e Manat. (Veja também An-Nahl 16:57 e Al-An'am 6:100)

As narrativas Bíblicas são ricas em detalhes históricos, muitos deles confirmados pela arqueologia. Elas cobrem mais de mil anos e revelam um longo processo tecnológico e desenvolvimento cultural.  Em contraste, a história sacra do Corão está deprovida de suportes arqueológicos. Suas estórias desconexas e incoerentes não oferecem uma reflexão autêntica de culturas históricas. O nome de nenhum lugar da antiga Israel é mencionado, nem mesmo Jerusalém. Muitos dos supostos eventos históricos relatados no Corão não têm uma verificação independente. Por exemplo, poderíamos dizer que Abraão e Ismael construíram a Caaba em Mecca (Al-Baqarah 2:127), mas isto está totalmente sem suporte. Os relatos Bíblicos, mais que mil anos mais antigos, não situam Abraão em nenhum lugar próximo à Arábia.

O Corão não é uma fonte digna de crédito para a história Bíblica

O Corão, escrito no século VII d.C., não pode ser considerado como tendo qualquer autoridade, absolutamente nenhuma, sobre a vida de Jesus de Nazaré. Ele não oferece qualquer evidência às suas declarações sobre a histórica bíblica. Seus numerosos erros históricos refletem um entendimento adulterado sobre a Bíblia.

O Islã se apropria da história do Judaísmo e do Cristianismo como se fosse sua

Quando Maomé ligou o nome de Allá às histórias religiosas do Judaísmo e Cristianismo, foi um meio de reivindicá-las para o Islã. À luz de eventos futuros, a declaração de que o Islã foi a religião original e que todos os profetas precedentes foram Muçulmanos, pode ser considerada como uma tentativa de apropriar as histórias de outras religiões para o Islã. O efeito é furtar o Cristianismo e Judaísmo para suas próprias histórias.

Considere que muitos locais Bíblicos, tais como as tumbas dos Patriarcas Hebreus e o Templo do Monte, são clamados pelo Islã como sendo locais Muçulmanos, não Judeus ou Cristãos. Afinal, o Corão diz-nos que Abraão ‘foi um Muçulmano’. Sob o governo Islâmico, todos Judeus e Cristãos foram banidos destes locais.

O lugar das escrituras Judaica no Cristianismo é completamente diferente do lugar da Bíblia no Islã

Há uma diferença fundamental entre as atitudes dos Cristãos para com as Escrituras Judaicas e as atitudes Islâmicas para com a Bíblia. Os Cristãos aceitam as escrituras Hebraicas. Elas foram as escrituras de Jesus e dos apóstolos. Elas foram as escrituras da igreja primitiva. Toda a crença e prática Cristã repousam sobre elas. Os conceitos centrais do Cristianismo tais como o “Messias” (do grego, ‘Christos’), ‘Espírito de Deus’, ‘Reino de Deus’ e ‘salvação’ estão profundamente enraizados nas tradições Bíblicas dos Hebreus.

Também notamos que os seminários Cristãos devotam considerável zelo em estudar as escrituras Hebraicas. Isto é uma parte integral do treino para o ministério Cristão. As Escrituras Hebraicas são lidas (traduzidas) a cada domingo em diversas igrejas por todo o mundo.

Em contraste, o tratamento do Islã para com a Bíblia é completamente descuidado. Apesar dele pretender ‘verificar’ todas revelações proféticas antigas, o Corão é cego para com o real conteúdo da Bíblia. A declaração de que Cristãos e Judeus deliberadamente corromperam suas escrituras e fizeram-na sem evidências, somente serve para encobrir as inadequações históricas do Corão. Os eruditos Muçulmanos raramente têm uma compreensão bem-informada da Bíblia ou da teologia bíblica, e então continuam ignorantes destas realidades.

Algumas vozes Muçulmanas contemporâneas sobre Jesus

Yasser Arafat, discursando em uma conferência de impressa nas Nações Unidas em 1983 chamou Jesus de “o primeiro Palestino fedayeen que carregou sua espada” (i.e., ele foi um guerreiro da liberdade para o Islã).

Sheikh Ibrahim Madhi, empregado da Autoridade Palestina, difundiu ao vivo em Abril de 2002 na televisão da Autoridade Palestina: “Os Judeus esperam pelo falso messias Judeu, enquanto nós esperamos, com a ajuda de Allá... Jesus, paz esteja sobre ele. As mãos puras de Jesus assassinarão o falso messias Judeu. Onde? Na cidade do Senhor, na Palestina.”

O autor Shamim A. Siddiqi, pôs a posição clássica do Islã concernente ao Cristianismo claramente numa carta recente destinada a Daniel Pipes, colunista do New York Post:

“Abraão, Moisés, Jesus e Maomé foram todos profetas do Islã. O Islã é a herança comum da comunidade Judaica-Cristã-Muçulmana da América, e estabelecer o Reino de Deus é a responsabilidade conjunta de todas as três fé Abraâmicas. O Islã foi a voz (fé, modo de vida) tanto dos Judeus como dos Cristãos, os quais depois perderam isto por causa das inovações humanas. Agora os Muçulmanos querem lembrar os irmãos e irmãs Judeus e Cristãos da voz original [religião]. Estes são fatos históricos.”

Esta negação histórica — aparentemente para afirmar que o Cristianismo e o Judaísmo estão rejeitando e suplantando o Islã — é uma arma violenta dos apologetas Muçulmanos. O que está sendo afirmado é que de fato nem Cristãos e nem Judeus, mas Jesus era de fato um profeta do Islã. Moisés um Muçulmano, etc. A intenção era de conduzir a uma reversão dos Cristãos e Judeus ao Islã, é a isso que Siddiqi se refere quando diz sobre “responsabilidade conjunta” de Jesus e Cristãos para estabelecer “o Reino de Deus”. Com isto, ele quis dizer que os Cristãos dos Estados Unidos e Judeus poderiam trabalhar para estabelecer a lei shari’ah e as regras de conduta do Islã nos Estados Unidos.

Conclusão

O ‘Isa (Jesus) do Corão é um produto de fábulas, imaginação e ignorância. Quando os Muçulmanos veneram este ‘Isa, eles têm algo diferente em mente do Yeshua ou o Jesus da Bíblia e história. O ‘Isa do Corão está baseado em nenhuma evidência histórica, mas em fábulas correntes do século VII d.C. na Arábia.

Para a maioria dos fiéis Muçulmanos, ‘Isa é o único Jesus que eles conhecem. Mas, se alguém aceita esse ‘Jesus’ Muçulmano, então consecutivamente aceita o Corão e o Islã. Crê que ‘Isa está influenciado pelas difamações que Judeus e Cristãos realizaram ao corromper suas escrituras, uma acusação que está completamente sem amparo histórico. Crê que ‘Isa implica que muitos dos fatos históricos dos Cristãos e Judeus são de fato da história Islâmica.

O Jesus dos evangelhos é a base sobre o qual o Cristianismo foi desenvolvido. Ao Muçulmanizá-lo e fazê-lo um profeta do Islã que pregou o Corão, o Islã destrói o Cristianismo e toma posse da historia. Isto acontece igualmente com o Judaísmo.

No fim dos tempos, tal como descreveu Maomé, ‘Isa se tornará um guerreiro que virá com sua espada e lança. Ele destruirá a religião Cristã e fará do Islã a única religião de todo o mundo. Finalmente, no último julgamento condenará os Cristãos ao inferno por crerem em sua crucificação e encarnação.

Este ato final do ‘Isa Muçulmano reflete a estratégia apologética do Islã em relação ao Cristianismo, que tem por objetivo barrar o Yeshua histórico e substituí-lo por um fac-símile de Maomé. Então, nada permanece mais, exceto o Islã.

“Os Muçulmanos da substituição atualmente declaram que toda a história bíblica de Israel e a Cristã são a história Islâmica, que todos os Profetas, Reis de Israel e Judéia, e Jesus foram Muçulmanos. Que o Povo do Livro deveria se atrever a desafiar esta afirmação, é tido como uma arrogância intolerável para um teólogo Islâmico. Judeus e Cristãos são, deste modo, privados de suas Escrituras Sagradas e do valor de seu valor para a salvação.”

    Bat Ye’or em Islam and Dhimmitude: where civilizations collide, p. 370  - trad. Livre.

APÊNDICE: A evidência histórica em favor de Jesus (Yeshua) de Nazaré e sua morte por crucificação.

Fontes não cristãs sobre Jesus

·        Tácito (55-120 AD), um renomado historiador da Roma antiga, escreveu uma carta na metade do primeiro século que dizia que ‘Christus... foi posto à morte por Pôncio Pilatus, procurador da Judéia no reinado de Tiberius: porém, a superstição perniciosa, reprimida por um tempo, se espalhou novamente, não somente ao longo da Judéia, onde a injúria começou, mas ao longo da cidade de Roma também.’ (Anais 15:44).

·        Suetonius escrevendo por volta de 120 AD fala de distúrbios dos Judeus na ‘instigação de Chrestus’, durante os tempos do imperador Claudius. Isto pode se referir a Jesus e parece se relacionar ao evento de Atos 18:2, que ocorreu em 49 AD.

·        Thallus, um historiador secular, escrevendo talvez por volta de 52 AD, faz referência à morte de Jesus numa discussão sobre as trevas que cobriram a terra após sua morte. O original está perdido, mas os argumentos de Thallus — explicando que o ocorrido foi um eclipse solar — são referidos por Julius Africanus no início do terceiro século.

·        Mara Bar-Serapião, um Sírio escrevendo após a destruição do templo em 70AD, menciona a execução de Jesus que ocorra anos antes, a quem ele chama de “Rei”.

·  O Talmud Babilônico refere-se à crucificação (chamando-a de dependuração) de Jesus, o Nazareno, na véspera da Páscoa. No Talmud, Jesus também é chamado de filho ilegítimo de Maria.

·        O historiador Josefo descreve a crucificação de Jesus sob Pilatus em sua obra Antiguidades, escrita em cerca de 93/94 AD. Josefo também faz referência a Tiago, irmão de Jesus e sua execução durante o tempo de Ananus (Anãs) o mais elevado sacerdote.

Epístolas de Paulo

·        As Epístolas de Paulo foram escritas num intervalo de 20 a 30 anos após a morte de Jesus. São valiosos documentos históricos, não somente por conterem confissões de fé que são indubitavelmente datadas das primeiras décadas da comunidade Cristã.

Paulo Veio a ser crente em Jesus dentro de poucos anos após a crucificação de Jesus. Ele escreve em sua primeira carta aos Coríntios ‘Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras,e que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras,e que foi visto por Cefas e depois pelos doze.’ Isto faz muito claro a crença na morte de Jesus como sendo o início do Cristianismo.

Os quatro evangelhos

·        Os quatro evangelhos foram escritos num período de 20 a 60 anos após a morte de Jesus, como uma lembrança vívida dos eventos que eles descrevem.

Os ensinos de Jesus foram seguidos por grandes multidões. Houve muitíssimas testemunhas dos eventos que ocorreram em sua vida. Sua morte foi uma execução pública.

Evidência manuscrita da Bíblia e sua transmissão

A evidência manuscrita para as escrituras Gregas é esmagadora, muito maior que todas as outras obras antigas. Cerca de 20.000 manuscritos confirmam isto. Embora haja erros de cópia, que são naturalmente esperados das mãos dos copistas, eles são erros comparativamente menores e a integridade básica do processo de cópia está ricamente amparado.

Ainda, quando os Cristãos ocidentais estudam as escrituras Hebraicas durante a Renascença, eles notam que elas concordam muito com suas traduções Gregas e Latinas que haviam sido copiadas de novo e de novo durante mais de mil anos. Houve erros de cópia, e algumas mudanças menores, mas nenhuma invenção significante para a estupenda escala que seria requerida se tramar uma estória para a morte de Jesus.

Semelhantemente, quando os Manuscritos do Mar Morto foram descobertos, eles incluíam pergaminhos da Bíblia Hebraica de antes do tempo de Jesus. Eles também concordaram muito com o manuscrito massorético mais antigo de mais de mil anos depois. Novamente, nada de invenções, mas sim evidências de cópias notavelmente fidedignas.

Conclusão: Jesus de Nazaré é uma figura histórica

Claramente há eventos registrados em conexão com a vida de Jesus que muito não-Cristãos não aceitarão, tais como os milagres, o nascimento virginal e a ressurreição. Porém, o que está em além da disputa é que Yeshua (‘Jesus’) de Nazaré foi uma figura da história, que viveu, atraiu seguidores durante seu tempo de vida dentre seus companheiros Judeus e foi executado por crucificação pelas autoridades Romanas, e após isso seu seguidores se multiplicaram rapidamente. Fontes tanto seculares quanto Cristãs deste período confirmam isto.

A primeira fonte sobre a história da vida pública de Jesus são os evangelhos. Eles foram escritos relativamente pouco depois de sua morte — com memória vívida — e nós temos todos os indícios de que estas fontes foram aceitadas com fidedignas na comunidade Cristã primitiva, durante um período em que as testemunhas de primeiro e de segundo contato com a vida de Jesus continuavam vivas.

Concluímos que qualquer declaração sobre ‘Isa (Jesus) no Corão, feito seis séculos após a morte de Jesus, deve ser julgada contra as evidências históricas destes primeiros séculos, e não o contrário.

Algumas discussões úteis destes assuntos são encontrados em:

http://www.debate.org.uk/topics/theo/islam_christ.html
http://www.debate.org.uk/topics/theo/qur-jes.htm
http://www.answering-islam.org/Intro/replacing.html

(EM INGLÊS)

Sugestão de leitura: O Jesus que nunca conheci, by Philip Yancey (Tradução livre do título)

O autor deste artigo é um Ministro Anglicado na Igreja Anglicana de St. Hilary. Ele também é um associado veterano de Departamento de Lingüística e Lingüística Aplicada da Universidade de Melbourne, como o título honorável de ‘Professor Associado’, e foi outrora líder do Departamento de Lingüística e Estudos de Idiomas. Ele tem escrito diversos livros na língua e cultura dos Aceneses, um povo Islâmico da Indonésia, e foi eleito para a Academia Australiana da Humanidade em 1992 por seu trabalho de pesquisa. Ele serviu como membro do Conselho da Academia por um período em 1990.

 

* This article is a translation of "Isa, the Muslim Jesus" - original

* Este artigo é uma tradução de "Isa, the Muslim Jesus" - original

 

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Palavras-chave

Mohamed, Maomé, Muhamed, Mohammed, Islã, Islam, Alcorão, Al-Corão, Quran, Korão, Al-Korão, hadith, hadice, sharia, tafsir, islamismo.

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