Respondendo ao islã

Muçulmanos e Cristãos falam a mesma língua?

Autoria de J.M.

Tradução de Wesley Nazeazeno

 

 Quando ouvi isto pela primeira vez, fiquei um pouco surpreso. Meu amigo, Blama (uma variação do oeste africano para Ibrahima) abaixou suas mãos e sua cabeça. Estendeu ambos os dedos indicadores, segurou-os firmemente um ao outro e declarou, “os muçulmanos e cristãos são como isto. Sem diferença”.  Até ali, eu havia estado tentando convencê-lo de que as duas religiões são muito diferentes, e agora ela estava me dizendo que nós éramos iguais. Eu estava fazendo meu melhor para apontar dissimilaridades entre nossas Escrituras, nosso Deus, nossos profetas e como nós devemos viver. Aparentemente, Blama viu coisas diferentes de mim.

O propósito deste artigo é explorar diferenças entre o islamismo e o cristianismo, mas usando como base e premissa que palavras usadas por ambos, não são as mesmas. Por isso espero que à palavra final, o leitor começará a compreender a tremenda complexidade das palavras de ambas as religiões e que o leitor, alegremente, não usará palavras que não comunicam a verdade do evangelho de ‘Isa Al-Masih (Jesus, o Messias).

Palavras têm significados

Esta premissa é muito simples. Palavras têm significados. As palavras escritas para a leitura do leitor nada mais são que veículos para o significado. Os símbolos físicos de ‘d’, ‘e’, ‘u’ e ‘s’, quando combinados adequadamente, produzem representações visuais significantes.

Tenho certeza de que todos nós concordamos que palavras têm significados. Quando usamos uma palavra, nós o fazemos porque concordamos entre nós de que ela tem um sentido específico. Por exemplo, se alguém quer comunicar “prato”, a palavra “frívolo” não é usada. Semelhantemente, se alguém deseja comunicar uma idéia mais transcendente, como as esperança que alguém teria pelo sucesso, ninguém empregaria esta frase: “Eu realmente gosto de seu vestido, Franciele!”

Para complicar tal simples noção, entretanto, podemos adicionar à confusão o assunto da comparação entre as religiões. Todas as religiões não falam sobre Deus, pecado, o bem e o mal? Porque um muçulmano e um cristão usam as mesmas palavras, devemos entender a mesma coisa, certo? Afinal, tanto um como o outro crê que Deus é um, o criador, onipotente, onisciente, onipresente e totalmente diferente de qualquer outro ser. Ambos crêem que os homens pecam, que o pecado é mal porque é um ato de rebeldia contra Deus. Então, qual é o problema?

Deixe-me ilustrar através de uma analogia um pouco “crua”. Parado à frente da entrada de sua casa estão um Ford e um Fiat. Deixe-me fazer uma lista de semelhanças entre os dois:

·        Ambos são automóveis usados para transporte;

·        Ambas palavras começam com “F” e têm quatro letras;

·        Ambos usam produtos derivados do petróleo;

·        Ambos podem ter a mesma cor.

Se nós simplesmente empregarmos semelhanças entre os objetos, poderíamos corretamente dizer que aparentemente o Ford e o Fiat são idênticos. Talvez focaríamos na característica básica dos dois: eles são automóveis, cujo propósito é o transporte. Certamente, estão estas semelhanças dominando nossa compreensão do Ford e do Fiat? Não são apenas similares de modos importantes, mas também são categoricamente falando iguais! Eles são automóveis. Com certeza um vendedor da Ford pode dizê-lo que um Fiat não é um automóvel, mas quem pode confiar num vendedor de carros?!

Mas a questão continua: Um Ford é o mesmo que ou tão somente similar ao Fiat? Há diferenças entre eles?

·        Um é de fabricação estadunidense, o outro italiano;

·        Um é automático, o outro tem a marcha manual;

·        Um é novo, o outro é velho;

·        Um tem quatro portas, o outro duas.

Semelhança e Similaridade

Baseado nestas observações, o Ford é similar ou equivalente ao Fiat? Se alguém fazer uso apenas da primeira lista, aquela lista de comparações, os dois carros podem muito bem ser tidos como equivalentes (o mesmo). Por outro lado, se a segunda lista, a de características contrastantes, for usada em adição à primeira, a única possível conclusão é que os dois carros são simplesmente similares. Isto é, eles compartilham de similaridades e coisas em comum, mas eles não são o mesmo ou equivalentes.

Para maior clareza, deixe-nos distinguir entre a idéia de “semelhança” e “similaridade”. Primeiro, deixe-me oferecer esta definição específica para semelhança: quaisquer dois itens, pessoas ou idéias são equivalentes em cada característica e atributos. Filosoficamente, estamos falando da identidade estrita. Uma hipótese essencial que alimenta nossa noção de semelhança é que “mudanças” existem. Semelhança não permite qualquer mudança ou alteração. Em propósito desta discussão, Muçulmanos e Cristãos concordam que algumas coisinhas mudam. De fato, podemos concordar que Deus é o único Ser que não é sujeito a mudança. Porém, isto se refere às Suas características e atributos, mas não ao nosso entendimento de Deus. Mais sobre isto depois.

Similaridade não é semelhança. Similaridade é um conceito flexível, oscilante, maleável. Semelhança é firme, inquebrável, absoluto. Duas coisas, pessoas ou idéias podem compartilhar qualquer número de similaridades. O fato de serem parceiros em similaridade, por definição, não os fazem o mesmo. Semelhança e similaridade são conceitos mutuamente exclusivos.

O Ford e o Fiat são similares. As similaridades deles são um fato que provam que eles não podem ser o mesmo. Se o Ford e o Fiat fossem realmente o mesmo exato carro (porém talvez chamados por nomes diferentes pelas pessoas), nós não poderíamos dizer que são similares. Me recordo de meus próprios filhos e suas dificuldades na língua inglesa. Muitas vezes, um deles dirá algo como “este lugar parece uma loja”. O que por está sendo descrito realmente é uma loja. Se isto é parecido (similar a) uma loja, isto não pode ser uma loja. Isto deve ser um prédio de escritórios, uma casa, um banco ou até uma garagem, mas não pode ser uma garagem. Então, eu gentilmente corrijo a frase, “isto não pode parecer uma loja se isto É uma loja”. Alguém de seis anos não entende perfeitamente o valor de “ser”.

Segundo, a definição de similar: dois ou mais itens, pessoas ou idéias as quais possuem ao menos uma característica mantida em comum. Obviamente, então, quanto maior o número de características e atributos tidos em comum, maior será a similaridade. Podem ser até infindáveis as características tidas em comum, mas, se houver uma só característica que não seja equivalente, os dois não podem ser chamados de o mesmo.

Similaridade trabalha com uma escala de contrastes e comparações. Nós podemos dizer “x” é muito mais parecido com “z” ou podemos dizer que “z” é quase o mesmo que “s”. Ambas sentenças lidam com similaridade. Semelhança é identidade. Não há escala de valores de comparação. Ambos os itens, pessoas ou idéias são iguais, equivalentes e idênticos ou não são.

Por isto pode parecer muitas vezes que Muçulmanos (e Cristãos) têm cometido este tipo de erro. Este erro é conhecido como uma falácia equivocada (equivalendo dois ou mais conceitos que não são o mesmo pensamento, que são similares). Palavras que têm sentidos similares (isto é, que compartilham de coisas em comum) são feitas para serem equivalentes. Muçulmanos dizem “carro” significando Ford, enquanto Cristãos pensam em Fiat! Muçulmanos dizem “Allá” e pensam que este é o Deus da Bíblia.

As Palavras Islâmicas têm sentido Cristão?

Aqui é pressuposto que o leitor é Cristão (mas estou certo que há Muçulmanos que também o lerão). Por esta razão, é assumido que o leitor possui um entendimento cristão acerca de Deus, seus atributos, suas características e sua revelação. Por esta razão, não tentaremos definir ou listar as características de Yahweh, mas tão somente as características e atributos de Allá serão investigadas. Deixemos o leitor decidir se as palavras significam o mesmo ou se são apenas similares. Se as palavras são similares, qual é o grau de similaridade?

Allá

1)

O caso para semelhança

Muçulmanos e Cristãos concordam que o Todo-Poderoso é Um. É concordância de que ele é o criador de todas as coisas. Ele é onisciente, onipresente e onipotente. Sem listar os 99 nomes de Allá, é geralmente assegurado pelos Cristãos que boa parte destes nomes podem ser encontradas correlativamente na Bíblia. Enquanto há muito que podemos saber sobre Allá, há uma imensa mina de conhecimento que nós não sabemos. O Todo-Poderoso é totalmente diferente, ainda que é dito que deve ser mais próximo que a veia jugular dos homens (Alcorão 50:16).

Allá revela sua vontade aos homens em um livro dado através de profetas. Ele clama por obediência à sua vontade. Ele pune o mal e galardoa o bom. Ele perdoa, mostra misericórdia e compaixão, mas também mostra sua fúria e indignação.

Allá é auto-existente, digno de ser adorado, ouve e responde orações, sustenta o universo, livre de qualquer necessidade ou carências, irresistível, a luz dos céus, Senhor do alvorecer, etc.

O que os Cristãos poderiam objetar quanto a estas qualidades também existentes em Yahweh? De fato, tanto Allá quanto Yahweh são categoricamente idênticos: o Único, verdadeiro, Criador, Deus Todo-Poderoso Sustentador que governa o universo. A questão permanece: Eles são similares ou idênticos?

2)

O caso para similaridade

Pergunte a um Muçulmano se o Todo-Poderoso conceberia em vir a ser um homem.

Pergunte se o Todo-Poderoso pode ser conhecido como Pai, Filho e Espírito Santo.

Pergunte se o Alcorão revela a pessoa do Todo-Poderoso ou tão somente sua vontade.

Pergunte se o Todo-Poderoso pode permitir pessoas a mentirem em certas circunstâncias.

Pergunte se o Todo-Poderoso teria compaixão daqueles que estão indo para o inferno.

Pergunte se o Todo-Poderoso teria uma essência possível de ser conhecida.

Conclusão

Espero que o leitor tenha se deparado com a complexidade da situação. O debate entre Muçulmanos e Cristãos somente pode ser benéfico quando ambos lados pensam, falam e escrevem claramente. Nossas palavras devem refletir precisamente o entendimento originado a partir de nossas próprias Escrituras. Palavras devem ter significâncias e, por esta razão, devem ser usadas apropriadamente. No debate entre Cristãos e Muçulmanos há certas palavras (tais como “Deus”, “Alá” e “Yahweh”) as quais compartilham coisas em comum. Com muita freqüência, em tentativas ingênuas de promoção de algum diálogo, nós fazemos estas coisas em comum o pináculo de nossa discussão. As palavras usadas por Muçulmanos e Cristãos não possuem o mesmo significado necessariamente. Quando é dito que Alá = Yahweh = Brâmane = Allá, isto é mais do que um mero descuido. Isto demonstra uma grande ausência de compreensão do significado ou conteúdo das palavras.

Há palavras e conceitos os quais trazem consigo a necessidade de um exame bem detalhado, o qual ainda não foi bem tratado. Estou apresentando apenas uma pequena introdução para este processo. É esperado que esta introdução incitará outros para examinar palavras, da maneira como elas são usadas no Islamismo e no Cristianismo, e também os significados que estão por trás destas palavras. Nunca deixe isso ser dito, que “estamos discutindo semântica”. Isto é um argumento de pessoas levianas, as quais geralmente usam de subterfúgios para se esconder ou alguma esquiva para desviar as atenções do real fato do problema: semântica, significados e palavras são importantes.

Isto faz-nos convenientes para usar cuidadosamente e sabiamente as palavras. Não podemos ser culpados por assumir que quando um Muçulmano diz “Alá”, ele está falando da Divindade com todas as características, atributos e essências de Yahweh. Não entender assim é ser culpado por falácia e equívoco. Não queremos que equívocos venham a ser nossa vocação.

* This article is a translation of "Do Muslims and Christians speak the same language?" - original

* Este artigo é uma tradução de "Do Muslims and Christians speak the same language?" - original

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Palavras-chave

Mohamed, Maomé, Muhamed, Mohammed, Islã, Islam, Alcorão, Al-Corão, Quran, Korão, Al-Korão, hadith, hadice, sharia, tafsir, islamismo.

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